Page 302 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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de novo!

                         – Também estou sentindo – gritou Lúcia. – Que coisa desagradável!

                         –  Cuidado!  –  exclamou  Edmundo.  –  Vamos  ficar  de  mãos  dadas.
                  Tenho certeza que isso é magia.

                         – Isso mesmo, de mãos dadas – disse Susana. – Será que isso não vai
                  parar?
                         Mais um instante, e a bagagem, a estação, tudo havia desaparecido,
                  sem  deixar  um  sinal.  As  quatro  crianças,  agarradas  umas  às  outras,
                  ofegantes, viram então que se encontravam num lugar cheio de árvores, tão
                  cheio de  árvores  que  mal  havia  espaço  para  se  mexerem.  Esfregaram  os
                  olhos e respiraram fundo. Lúcia indagou:

                         – Pedro, você acha possível que tenhamos voltado para Nárnia?

                         – Pode ser um lugar qualquer. Com estas árvores tão cerradas, não se
                  vê um palmo adiante do nariz. Vamos ver se encontramos um lugar aberto,
                  se é que existe isso por aqui.

                         Com  certa  dificuldade,  e  levando  arranhões  dos  espinhos,
                  conseguiram desembaraçar-se dos arbustos. E foi outra surpresa. Tudo se
                  tornou mais brilhante. Após andarem alguns passos, encontraram-se à beira
                  da mata, olhando de cima para uma praia arenosa. A distância de alguns
                  metros, um mar incrivelmente sereno avançava sobre a areia em vagas tão
                  minúsculas que quase não se ouvia nenhum som. Terra à vista não havia,
                  nem nuvens no céu. O sol estava onde devia estar às dez horas da manhã, e
                  o mar era de um azul deslumbrante.

                         Pararam, cheirando a maresia.
                         – Como é bom! — disse Pedro.

                         Daí a cinco minutos, estavam todos descalços, patinhando na água
                  fria e transparente.

                         – Muito melhor do que estar dentro de um trem abafado, de volta ao
                  latim, ao francês e à álgebra! – disse Edmundo. E durante algum tempo só
                  se ouviu o barulho da água.

                         – De qualquer modo – disse então Susana – , suponho que tenhamos
                  de fazer alguns planos. A fome não deve demorar.
                         – Temos os sanduíches que a mãe nos deu para a viagem – lembrou
                  Edmundo. – Eu, pelo menos, estou com os meus.

                         – Eu, não – disse Lúcia. – Deixei os meus na maleta.

                         – Eu também – disse Susana.

                         – Os meus estão no bolso do casaco, ali na praia – declarou Pedro. –
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