Page 306 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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A CASA DO TESOURO
– Isto aqui não era um jardim! – disse Susana momentos depois. –
Aqui havia um castelo, e este deve ter sido o pátio.
– É isso mesmo – concordou Pedro. – Aquilo ali, não há dúvida, é a
ruína de uma torre. Aquilo lá deve ter sido um lanço de escada que levava
para o alto da muralha. Olhem aqueles degraus naquela porta: deve ter sido
a entrada do salão nobre.
– Pela aparência, isso foi há séculos – disse Edmundo.
– É, há séculos – falou Pedro. – Gostaria de saber quem viveu neste
palácio e há quanto tempo!
– Tudo isso me causa uma sensação estranha – observou Lúcia.
– Verdade, Lu? – perguntou Pedro, olhando fixamente para a irmã. –
Porque comigo está acontecendo a mesma coisa... A coisa mais estranha
que nos aconteceu neste dia tão estranho. Pergunto a mim mesmo onde
estaremos... o que pode significar tudo isso...
Enquanto falavam, atravessaram o pátio e transpuseram a porta do
antigo salão, agora muito semelhante ao pátio, pois o telhado desaparecera,
e havia muito o salão não passava de um enorme relvado salpicado de
malmequeres, embora mais estreito e curto do que o pátio e com as paredes
mais altas. Do outro lado, cerca de metro e meio mais alto que tudo,
destacava-se uma espécie de terraço.
– Vocês acham que isto seria realmente um salão? – perguntou
Susana. – Sendo assim, que vem a ser aquele terraço?
– Boboca! – replicou Pedro (que, de repente, ficara bastante
excitado). – Não está vendo? Aquilo era o estrado da mesa real, ao redor da
qual se sentavam o rei e os grandes senhores. Parece até que você se
esqueceu de que nós mesmos fomos reis e rainhas e tivemos um estrado
igual no nosso salão nobre.
– No castelo de Cair Paravel – continuou Susana, numa voz cantante
e sonhadora – , na foz do grande rio de Nárnia. Como poderia me
esquecer?
– Parece que estou vendo o nosso castelo! – disse Lúcia. – Este salão
deve ter sido muito parecido com o grande salão onde demos tantos