Page 309 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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aqueles animaizinhos simpáticos, as toupeiras, que cavaram tudo. Será
possível que tenham se esquecido da engraçada dona Alvipata, a toupeira-
chefe, encostada na enxada, dizendo: "Acredite, Real Senhor, um dia ainda
há de ficar contente por ter plantado estas árvores frutíferas." E ela estava
com a razão!...
– Eu me lembro e muito bem – disse Lúcia batendo palmas.
– Mas repare, Pedro – disse Edmundo – , tudo isso que você está
dizendo deve ser bobagem. Para começar, o pomar que plantamos não
chegava até os portões! Não seríamos tão bobos para fazer uma coisa
dessas.
– É claro que não: foi o próprio pomar que avançou até aqui –
explicou Pedro.
– Além disso – continuou Edmundo – , Cair Paravel nunca foi uma
ilha.
– Já pensei nisso também. Mas era... como é mesmo que se diz...
uma península. Quase uma ilha. Você não acha que pode ter virado uma
ilha? É possível que alguém tenha aberto um canal.
– Espere aí... – disse Edmundo. – Faz somente um ano que deixamos
Nárnia. E quer me convencer de que, em um ano, os castelos caíram, as
florestas cresceram, as árvores que plantamos se alastraram... e sei lá mais
o quê? Tudo isso é impossível!
– Tenho uma idéia – disse Lúcia. – Se isto é realmente Cair Paravel,
deve haver uma porta junto ao estrado. Devemos estar de costas para ela.
Vocês se lembram... era a porta que dava para a sala do tesouro.
– Parece que não há porta nenhuma – disse Pedro, levantando-se.
A parede por detrás deles estava coberta de hera.
– É fácil verificar – declarou Edmundo, agarrando um pedaço de
lenha. E começou a golpear a parede revestida de hera.
Tum-tum, batia a madeira contra a pedra, tum-tum... De repente,
bum, um barulho muito diferente, um som oco de pancada na madeira.
– Opa! Acertamos em cheio! – exclamou Edmundo.
– Seria melhor arrancar esta hera toda – propôs Pedro.
– Deixem isso pra lá! – protestou Susana. – Amanhã teremos muito
tempo. Se temos de passar a noite aqui, não acho a menor graça uma porta
atrás de mim e um buraco escuro, de onde pode sair sei lá o que, fora a
umidade e as correntes de ar. E não demora a ficar escuro.
– Que idéia é essa, Susana?! – disse Lúcia, lançando um olhar de