Page 304 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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encontrar a qualquer momento um lugar em que os dois se juntassem. Mas
era sempre uma decepção. Chegaram a alguns rochedos que tiveram de
escalar e do topo puderam ver bastante longe.
– Ora bolas! Não adianta – disse Edmundo. – Não vamos chegar
nunca à outra mata. Estamos numa ilha!
Era verdade. Nesse ponto, o canal que os separava da outra costa não
tinha mais de trinta ou quarenta metros. Mas era o seu ponto mais estreito.
– Olhem! – disse Lúcia de repente. – Que é aquilo? – e apontou para
uma coisa sinuosa, comprida e prateada que se via na praia.
– Um riacho! Um riacho! – gritaram todos e, mesmo cansados, não
perderam um segundo para descer os rochedos e correr para a água fresca.
Como sabiam que bem mais acima, longe da praia, a água seria melhor
para beber, dirigiram-se logo para o lugar em que o riacho saía da mata. O
arvoredo ainda era denso, mas o riacho transformara-se num fundo curso
d’água, deslizando entre altas margens musgosas, de modo que uma pessoa
inclinada podia segui-lo por uma espécie de túnel vegetal. Ajoelhando-se
junto da primeira poça borbulhante, beberam até ficar saciados,
mergulhando o rosto na água, e depois os braços até os cotovelos.
– Bem... – disse Edmundo. – E aqueles sanduíches?
– Não seria melhor economizá-los? – atalhou Susana. – Pode ser que
mais tarde precisemos ainda mais deles.
– Seria ótimo – observou Lúcia – se pudéssemos prosseguir sem
ligar para a fome, como quando a gente estava com sede.
– É... mas e os sanduíches? – repetiu Edmundo. – Não vale a pena
economizá-los, pois podem estragar. Aqui faz muito mais calor do que na
Inglaterra, e eles estão em nossos bolsos já há algumas horas.
Assim, dividiram os dois sanduíches por quatro. Ninguém matou a
fome, mas era melhor do que nada. Depois, começaram a imaginar o que
seria a refeição seguinte. Lúcia queria voltar ao mar e apanhar camarões,
mas desistiu quando alguém observou que ninguém tinha uma rede.
Edmundo sugeriu que apanhassem nos rochedos ovos de gaivota, mas,
pensando melhor, ninguém se lembrava de já ter visto um ovo de gaivota.
Mesmo que encontrassem algum, não saberiam cozinhá-lo. Pedro não teve
coragem de dizer que os ovos, mesmo crus, valeriam a pena. Susana ainda
achava que não deviam ter comido os sanduíches tão cedo. Finalmente
Edmundo disse:
– Só há uma coisa a fazer: temos de explorar a mata. Ermitões e
cavaleiros andantes, e outra gente parecida, sempre conseguiram viver, de
uma ou de outra forma, dentro de uma floresta. Encontravam raízes,