Page 311 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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havia uma espécie de corredor e, de cada um dos lados, a pequena distância
umas das outras, erguiam-se ricas armaduras, como cavaleiros guardando
um tesouro. Entre as armaduras havia prateleiras cheias de coisas preciosas:
colares, pulseiras, anéis, vasos de ouro, grandes dentes de marfim,
diademas e correntes de ouro, e muitas pedras preciosas amontoadas ao
acaso, como se fossem batatas – diamantes, rubis, esmeraldas, topázios e
ametistas. Debaixo das prateleiras enfileiravam-se grandes arcas de
carvalho, reforçadas com barras de ferro, muito bem acolchoadas por
dentro. Fazia um frio horrível, e o silêncio era tal que podiam ouvir a
própria respiração. Os tesouros estavam cobertos de poeira. A sala,
abandonada havia tanto tempo, entristecia-os e assustava-os um pouco. Foi
por isso que, nos primeiros instantes, ninguém conseguiu falar.
Depois, começaram a andar de um lado para o outro, a pegar as
coisas, examinando-as bem. Era como se encontrassem velhos amigos. Se
você estivesse lá, teria escutado exclamações como estas:
– Olhem! Os anéis da nossa coroação! Lembram?...
– Aquela não é a armadura que você usou no grande torneio das Ilhas
Solitárias?
– Lembram que o anão fez isto para mim?
– E quando eu bebi naquela taça enorme?
– Lembram... Vocês lembram?... E, de repente, Edmundo disse:
– Não podemos gastar as pilhas desta maneira. Sei lá quantas vezes
vamos precisar da lanterna. O melhor é cada um pegar o que lhe interessa e
irmos lá para fora.
– Temos de levar os presentes – disse Pedro. Pois, há muito tempo,
num Natal passado em
Nárnia, Susana, Lúcia e Pedro tinham recebido alguns presentes que,
para eles, valiam mais do que todo o reino. Edmundo nada recebera porque
não estava com eles. (A culpa tinha sido só dele: se quiserem saber como
foi, podem ler no livro O leão, a feiticeira e o guarda-roupa.)
Todos concordaram com Pedro e avançaram pelo corredor, em
direção à porta mais afastada da sala do tesouro, onde encontraram os
presentes. O de Lúcia era o menor: só um frasquinho. Mas o frasquinho não
era de vidro, era de diamante, e estava ainda cheio do elixir mágico que
podia curar quase todos os ferimentos e doenças. Lúcia não disse nada e
pareceu muito solene ao retirar o frasco do lugar onde estava e guardá-lo
consigo. O presente de Susana tinha sido um arco e flechas e uma trompa.
O arco ainda estava lá, bem como a aljava de marfim cheia de setas
emplumadas, mas...