Page 316 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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-Porque  sou  um  terrível  criminoso,  sem  dúvida  alguma  –  disse  o
                  anão, alegremente. – Mas isso é uma história comprida. Neste instante só
                  estou  pensando se vocês  me  convidariam  para  comer  alguma  coisa.  Não
                  fazem idéia do apetite que dá ser condenado à morte.

                         – Só temos maçãs – lamentou-se Lúcia.

                         – E melhor do que nada, mas peixe fresco é ainda melhor – disse o
                  anão.  –  No  fim,  parece  que  vocês  é  que  serão  meus  convidados.  Vi  no
                  barco caniços de pesca. Aliás, o barco tem de ser levado para o outro lado
                  da  ilha:  não  convém  que  as  pessoas  do  continente  apareçam  por  aqui  e
                  dêem com ele.

                         – Eu já devia ter pensado nisso! – falou Pedro. Acompanhadas pelo
                  anão, as quatro crianças entraram no barco. O anão assumiu imediatamente
                  o comando das operações. Como os remos eram grandes demais para ele,
                  Pedro remou, e o anão foi conduzindo o barco para o norte, ao longo do
                  canal, virando depois para leste e contornando o extremo da ilha. Daí via-se
                  todo  o  curso  do  rio,  todas  as  baías  e  cabos  da  costa.  Pareceu-lhes  que
                  alguns lugares não lhes eram estranhos, mas a floresta, que crescera muito,
                  dava  a  tudo  um  ar  diferente.  Quando  chegaram  ao  mar  alto,  o  anão
                  começou a pescar. Apanharam uma grande quantidade de trutas coloridas,
                  um  peixe  muito  bonito,  que  se  lembravam  de  já  terem  comido  em  Cair
                  Paravel.
                         Depois, levaram o barco para uma angra, onde o amarraram. O anão,
                  que era muito eficiente (existem anões maus, é verdade, mas não conheço
                  nenhum que seja bobo), abriu os peixes, limpou-os e disse:

                         – Só nos falta a lenha.

                         –  Temos  alguma  no  castelo  –  falou  Edmundo.  O  anão  pôs-se  a
                  assoviar baixinho.

                         – Com trinta diabos! Quer dizer que existe mesmo um castelo?

                         – Só as ruínas – informou Lúcia.
                         O anão olhou para todos os lados com uma expressão esquisita.

                         –  E  quem  é  que...  –  mas  não  terminou  a  frase,  dizendo:  –  Não
                  interessa. Vamos primeiro à comida. Só quero que me digam uma coisa:
                  vocês juram mesmo que ainda estou vivo? Têm certeza de que não morri
                  afogado? Sabem mesmo se não somos todos fantasmas?

                         Depois de o terem tranqüilizado, o problema era saber qual a melhor
                  maneira de levar o peixe. Não tinham cesto nem corda para o prenderem.
                  Acabaram utilizando o chapéu de Edmundo, pois só ele tinha chapéu. Claro
                  que Edmundo teria ficado uma fera se não estivesse caindo de fome.

                         O anão, a princípio, não se sentiu muito bem
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