Page 317 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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no castelo. Olhava para todos os cantos, fungava e dizia:
– Hum! Tem um ar esquisito. E cheira a fantasma.
Mas, quando chegou a vez de acender o fogo e de mostrar como se
assam trutas frescas, animou-se. Comer peixe tirado da brasa com um
canivete, para cinco pessoas, não é mole; por isso, quando a refeição
acabou, não é de admirar que houvesse alguns dedos queimados. Mas,
como eram nove horas e estavam acordados desde as cinco, ninguém ligou
muito para as queimaduras. Depois de arrematarem com um gole de água
do poço e uma maçã, o anão tirou do bolso um cachimbo do tamanho do
seu braço, encheu-o com cuidado e, soprando uma grande baforada de
fumo aromático, disse apenas:
– Muito bem!
– Conte-nos primeiro a sua história – propôs Pedro. – Depois lhe
contaremos a nossa.
– Como foram vocês que me salvaram a vida, é justo que lhes faça a
vontade. Mas nem sei por onde começar. Antes de tudo, tenho de confessar
que sou um mensageiro do rei Caspian.
– De quem? – perguntaram os quatro ao mesmo tempo.
– De Caspian X, rei de Nárnia (longo seja o seu reinado!). Isto é, ele
é que devia ser rei de Nárnia, e esperamos que ainda venha a ser um dia.
Por enquanto, é apenas o nosso rei, o rei dos antigos narnianos...
– Por favor – disse Lúcia – quem são os antigos narnianos?
– Somos nós, é claro – respondeu o anão. – Somos uma espécie de
rebeldes.
– Já estou começando a entender – falou Pedro. – Então Caspian é o
chefe dos antigos narnianos?
– Sim, de certa forma – respondeu o anão, cocando a cabeça, meio
atrapalhado. – Se bem que ele seja, na verdade, um dos novos narnianos,
um telmarino, não sei se me compreendem.
– Não entendo patavina! – disse Edmundo.
– Isto é mais complicado que a história da Inglaterra – declarou
Lúcia.
– Que espeto! – exclamou o anão. – Eu é que não soube me explicar
direito. Prestem atenção. Acho que, no fim das contas, é melhor recuar até
o princípio da história para contar-lhes como Caspian cresceu na corte do
tio e como agora passou para o nosso lado. Mas é uma longa história.
– Melhor! – gritou Lúcia. – Adoramos histórias! Foi assim que o