Page 312 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Susana, onde está a trompa? – perguntou Lúcia.
– Puxa vida! – disse Susana, depois de pensar um pouco. – Agora é
que me lembro: eu estava com ela no último dia, quando fomos caçar o
Veado Branco. Devo ter perdido a trompa, quando voltávamos para... para
o nosso mundo.
Edmundo assoviou. Perda irreparável, na verdade, porque a trompa
era mágica: era tocar e nunca faltava o auxílio necessário.
– Justamente o que mais poderia nos ajudar agora – disse Edmundo.
– Não faz mal – disse Susana – , ainda tenho o arco.
– Será que a corda ainda está boa, Su? – perguntou Pedro.
Fosse pela magia na atmosfera da sala do tesouro ou por qualquer
outra coisa, a verdade é que tudo estava funcionando bem. Havia duas
coisas que Susana fazia realmente bem: manejar o arco e nadar. Agarrou o
arco e deu um puxão na corda, que começou a vibrar. Um som agudo
encheu a sala. E aquele som despertou nas crianças, mais que tudo, a
lembrança dos velhos tempos, as batalhas, as caçadas, as festas...
Depois que Susana colocou a aljava ao ombro, Pedro foi buscar o seu
presente: o escudo com o grande leão vermelho e a espada real. Bateu com
os dois no chão para sacudir o pó. Colocou depois o escudo no braço e
prendeu a espada na cintura. A princípio receou que esta estivesse
enferrujada e não saísse da bainha. Engano. Com um movimento rápido,
ergueu a espada bem alto, iluminando-a à luz da lanterna.
- É a minha espada Rindon: aquela com que matei o lobo!
Sua voz tinha uma nova vibração: todos sentiram que se tratava outra
vez de Pedro, o Grande Rei. E em seguida se lembraram de que tinham de
poupar as pilhas.
Subiram a escada, atiçaram a fogueira e deitaram-se juntinhos para
não desperdiçar o calor. O chão era duro e incômodo, mas acabaram
adormecendo.