Page 310 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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reprovação.  Mas  os  dois  meninos  já  estavam  tão  entusiasmados  que  não
                  deram ouvidos ao conselho de Susana. Arrancavam a hera com as mãos e
                  com o canivete de Pedro, até que este se partiu. Pegaram então o canivete
                  de Edmundo e continuaram. Não demorou para que o lugar onde estavam
                  sentados ficasse coberto de hera. Mas, finalmente, a porta apareceu.

                         – Fechada, como era de esperar – comunicou Pedro.

                         – Mas a madeira está podre – disse Edmundo. – É fácil arrancá-la aos
                  pedaços, e a gente até arranja mais lenha para a fogueira. Ajudem aqui!

                         Não  foi  tão  fácil  quanto  supunham.  Antes  de  terem  terminado,  o
                  salão nobre estava envolto em penumbra e as primeiras estrelas brilhavam.
                  Susana não foi a única a sentir um ligeiro calafrio quando os meninos, de
                  pé  sobre  um  monte  de  madeira,  esfregaram  as  mãos  e  olharam  para  o
                  buraco frio e escuro que acabavam de abrir.
                         – Precisamos de uma lâmpada – disse Pedro.

                         – Para quê? – perguntou Susana. – Como disse Edmundo...

                         – Disse, mas já não digo! É verdade que não estou entendendo muito
                  bem, mas logo veremos. Suponho, Pedro, que você vai descer.

                         – Não tem outro jeito! Vamos, Susana! Coragem! Não vamos bancar
                  as crianças, agora que voltamos para Nárnia. Aqui, você é rainha. E bem
                  sabe  que  ninguém  pode  dormir  descansado  com  um  mistério  destes  por
                  desvendar.

                         Tentaram fazer archotes de varas compridas, mas não deu certo. Se
                  voltavam a ponta acesa para cima, a chama se apagava; se a voltavam para
                  baixo,  ficavam  com  as  mãos  chamuscadas  e  os  olhos  ardendo.  Por  fim,
                  decidiram  usar  a  lanterna  que  Edmundo  ganhara  como  presente  de
                  aniversário,  menos  de  uma  semana  atrás.  Edmundo,  com  a  luz,  entrou
                  primeiro; depois Lúcia, Susana e Pedro, fechando o cortejo.
                         – Estou no alto de uma escada – anunciou Edmundo.

                         – Conte os degraus – sugeriu Pedro.

                         – Um, dois, três – foi contando Edmundo, descendo com cuidado, até
                  chegar a dezesseis. – Pronto, cheguei ao fim!

                         – Estamos em Cair Paravel! – exclamou Lúcia. – Eram exatamente
                  dezesseis degraus. – E ninguém mais falou, até que todos se juntaram no
                  fundo da escada. Foi então que Edmundo começou, lentamente, a descrever
                  um círculo com a lanterna.
                         – O-o-o-oh! – disseram as crianças ao mesmo tempo.

                         Pois  todos  se  convenceram  de  que  era  na  verdade  a  velha  sala  de
                  Cair Paravel, onde tinham reinado como reis e rainhas de Nárnia. Ao centro
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