Page 7 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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tido um pônei, e um rio no fundo do quintal, e de repente viesse morar
nesta droga de buraco...
– Londres não é um buraco – reclamou Polly, indignada. Mas o
menino estava tão aborrecido que nem prestou atenção, continuando a
falar:
–...e se seu pai estivesse na Índia e você tivesse de viver com uma tia
e um tio louco (quem ia gostar?), e isso porque eles têm de tomar conta de
sua mãe... e se sua mãe estivesse doente e fosse... e fosse... morrer...
Aí o rosto de Digory ficou esquisito, como se ele estivesse fazendo
força para não chorar. Polly falou com doçura:
– Desculpe. Eu não sabia de nada. – E, como não tinha mais o que
dizer, ou querendo animar o garoto, perguntou:
– Seu tio é mesmo doido?
– Ou é doido ou então há um mistério nisso. Ele tem um estúdio no
último andar e tia Leta nunca me deixa ir lá. Isso não me cheira bem. Tem
mais: sempre que ele quer me falar alguma coisa na hora do jantar, ela não
deixa, dizendo: “Não aborreça o menino, André.” Ou então: “Digory não
está nada interessado nisso.” Ou: “Digory, acho melhor você ir brincar no
quintal.”
– Mas que tipo de coisas ele tenta lhe dizer? – perguntou a menina.
– Não tenho a menor idéia. Ela nunca deixa ele continuar. Tem outra
coisa: ontem à noite, eu estava passando perto da escada do sótão, indo
para a cama, quando ouvi um grito.
– Quem sabe ele não tem uma mulher louca que ele esconde lá
dentro? – sugeriu a menina. – já pensei nisso.
– Quem sabe ele faz dinheiro falso...
– Também pode ter sido um pirata e agora anda escondido dos
antigos companheiros. – Sensacional! – exclamou Polly. – Jamais podia
imaginar que sua casa fosse tão interessante.
– Você diz isso porque nunca dormiu lá. Não é nada agradável
acordar no meio da noite ouvindo as passadas do tio André no corredor,
vindo na direção do seu quarto. E os olhos dele são de dar medo!
Foi assim que Polly e Digory se conheceram. Era no início das férias
de verão e, como nenhum deles iria viajar para a praia, passaram a
encontrar-se quase todos os dias.
As aventuras começaram principalmente por um motivo: era um
daqueles verões muito úmidos e quentes, de modo que, em vez de brincar
ao ar livre, eles preferiam fazer incursões dentro de casa. É impressionante