Page 102 - Os Manuscritos do Mar Morto
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                                           CONSIDERAÇÕES FINAIS




                         Se fôssemos buscar explicações a todas as analogias encontradas entre os livros
                  de  Qumran  e  os  escritos  cristãos,  certamente  o  número  de  páginas  desse  trabalho  se

                  multiplicaria  exponencialmente.  Praticamente  em  todos  os  livros  do  NT  podemos
                  encontrar  algo  que  nos  faça  remeter  aos  MQ.  Sem  dúvida,  para  que  determinado

                  trabalho não se perca com o grande número de analogias é preciso fazer delimitações na

                  pesquisa. Através disso, pode-se focar com maior precisão o que está sendo analisado.
                         Desde  a  descoberta  dos  MQ,  foram  encontrados  inúmeros  pontos  de  contato

                  entre  estes  dois  corpus  literários,  e  em  sua  maioria  não  houve  alterações  desde  suas
                  primeiras interpretações. Atualmente, a maioria dos estudos trazidos ao público dá mais

                  atenção  a  isso.  Não  trabalham  com  teses  muito  abrangentes,  uma  vez  que  estas
                  apresentam mais erros do que acertos. O caminho do “meio” parece estar a cada dia se

                  consolidando  como  ponto  norteador  das  pesquisas  que  envolvem  Qumran  e  o

                  cristianismo. A revisão de alguns conceitos que deve ser feita hoje deve-se ao fato de
                  muitas das interpretações equivocadas e tendenciosas ainda influenciarem pesquisadores

                  que não abrangem seu leque de leitura como deveriam.

                         A literatura hinária de Qumran pode ser encarada no presente como um caminho
                  para  a  compreensão  de  como  alguns  aspectos,  principalmente  literários  e  teológicos,

                  vieram  a  ser  inseridos  em  algumas  comunidades  cristãs  –  além  de  aumentar  nosso
                  conhecimento sobre a própria comunidade qumrânica. Não só o estrato paulino pode ser

                  avaliado  sob  luz  da  literatura  hinária  qumrânica,  mas  com  os  cuidados  necessários,
                  outras porções do NT também podem se utilizar desse viés.

                         Quanto aos hinos do NT, a maior parte dos especialistas acredita que para serem

                  analisados adequadamente, o ideal é agrupá-los por suas temáticas ao invés de examinar
                  o  hino  de  forma  isolada  ou  junto  apenas  do  contexto  em  que  está  inserido.

                  Principalmente  no  caso  das  epístolas,  uma  observação  diferente  desta  acusaria  a
                  necessidade  de  questionamentos  de  outras  naturezas,  como  temporalidade,  geografia,

                  autenticidade;  coisas  que  no  caso  de  alguns  livros  são  impossíveis  de  se  garantir.
                  Talvez,  ainda  assim  com  algumas  reservas,  os  hinos  que  poderiam  ser  agrupados

                  relevando estes  aspectos  seriam os  inseridos  nas  epístolas  autenticamente paulinas,  e

                  com  mais  ressalvas  ainda,  nas  cartas  que  possivelmente  pertencem  a  seus  círculos.
                  Mesmo assim – e isso se aplica a todos os livros do NT – a intenção de dar uma resposta
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