Page 37 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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A TEIA DE APOIO

           “A cafetinagem tem um lado muito perverso no Brasil, mas também
           tem um lado muito importante de sobrevivência e apoio. A histó-
           ria da Brenda Lee que colocava a casa a serviço é exemplo disso.
           A Tarântula ganha notoriedade porque essa rede de sobrevivência
           se faz importante de vários lados: com o movimento negro, movi-

           mento feminista, a ala da cultura com Zé Celso e Ruth Escobar...
           esses são alguns dos nomes que se impõem naquele momento.
           Então essa rede consegue avançar sobre as operações a ponto de
           denunciá-las na justiça.
             A Andrea de Mayo ganha uma notoriedade tão grande que
           tenta fundar um sindicado para as manas das ruas. Não pense que
           a gente aceitava tranquilamente... o sangue dos corpos tombados
           que tingiu as ruas de São Paulo produziu gente como eu, produziu
           gente como Indianara Siqueira, que tem uma história incrível. Se

           muita coisa mudou para essa população foi por meio dessa popu-
           lação, com o reconhecimento e direito à humanidade”.


           AS MUDANÇAS E AS

           LUTAS PARA O FUTURO
           “Uma vez, em uma roda de conversa, a Suely Carneiro disse: ‘Nós
           estamos por nossa própria conta’. Se você me perguntar o que me
           motivou a fazer aquela ação , eu te respondo que é sobretudo o
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           que eu já tinha visto e vivido. Parte da minha luta de retificação
           de nome e gênero foi para tentar oferecer às pessoas algo que eu
           não tive, não basta apenas sentarmos à mesa, nós queremos comer
           o banquete. Eu não me dou por migalhas e eu sei o que é comer
           as sobras, eu vivi a fome.



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