Page 36 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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lá e arrancaram todas das casas, e rolou de tudo: arrancaram peru-

           cas, fizeram as meninas se cortarem com a própria GG [gilete],
           era algo extremamente perverso e todas saíram muito machuca-
           das. Tinha os casos das que sumiam, algumas que o corpo era
           jogado no Tietê ...
             Tudo isso se dá com a junção história da polícia civil com a
           militar. A gente cita bastante o exército e as forças armadas fede-
           rais, mas o símbolo máximo da ditadura, pelo menos em São

           Paulo, era a polícia militar e você ainda consegue sentir a tensão
           que uma viatura causa quando passa por uma rua com prostitu-
           tas ali no centro”.


           LGBT OU LGB...............................t?

           “O racha dos movimentos sociais não é algo novo, como eu te
           disse, eu me lembro de poucas mulheres negras que eu conheci e
           tive proximidade. Na verdade, existiam muitas, mas sempre nos
           lugares mais precarizados, quando uma ou outra se destacava é
           porque foi para a Europa e isso dava certo status.
           Era muito forte o preconceito dos homens gays à população T
           [trans]. Demorou anos para entrarmos em baladas gays, eu mesma

           entrei na HS muito tardiamente e, cá entre nós, quanta preten-
           são das bichas brancas de fundarem uma boate chamada ‘Homo
           Sapiens’, hein!? Mas nós precisávamos acessar esses lugares,
           muitos eram tidos como seguros porque boa parte eram manti-
           dos por policiais, afinal eram ambientes de muito lucro. Os corpos
           da população LGBT sempre foram alvo de exploração de diver-
           sas formas, nós produzimos uma parte importante da economia
           e precisamos nos valorizar perante a isso”.




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