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Indivíduos que se apresentavam, sincera ou ingenuamente, ou afoitamente,
                      ou até especulativamente, com discursos que serviriam aos demagogos e que
                      pretendiam convencer as massas de que deveriam impor a inclusão social à
                      força, obrigando “eles” aceitarem a manutenção de programas sociais para a
                      sustentação de todos “nós”, custasse o que custasse, mas que ignoravam o
                      fato e não explicavam como “eles” mantinham e dominavam a supremacia
                      econômica por décadas seguidas se “nós” estamos no poder por tempo idêntico
                      e  nos  declaramos  determinados  a  diminuir,  senão  acabar,  com  as  tais
                      diferenças sociais. O que, aliás, se fosse verdade, tornava absurda a insistência
                      dos discursos do tipo “nós” e “eles”.


                      Para Victor, de fato o que realmente começou a assustar foi essa deterioração
                      da unidade social. Quando ocupantes de cargos públicos que haviam chegado
                      ao  poder  pelo  voto  direto  e  ali  se  mantinham  por  décadas,  insistiam  na
                      fórmula  populista  “nós”  e  “eles”  e  a  perpetuavam-na  para  também  se
                      perpetuarem no poder.

                      E a desilusão definitiva foi a constatação de que para comunidades como a
                      dos Yana ou qualquer outra similar, nunca haveria um lugar nem entre o
                      “nós”, e nem entre o “eles”, fosse quem fosse o orador.

                      E  Victor  simplesmente  não  conseguia  mais  achar  paciência  para  estes
                      discursos. Cansado da própria luta interior pela conduta de excelência que se
                      impusera, afinal desistiu de combater sua natureza mais íntima e resolveu se
                      dar umas férias e mandar a humanidade às favas.


                      Victor começou a desejar, poder se afastar de tudo aquilo e de todos.

                      Então quando finalmente o surto da doença começou a amainar e as curas
                      começaram  a  acontecer  lentamente,  quando  deixaram  de  ser  registrados
                      novos  casos  de  pessoas  doentes  e  o  poder  público  relaxou  a  ordem  de
                      isolamento da cidade e da região, Victor decidiu partir.
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