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Java Ayrans e Dogons perseguiram, desde o nascimento do mundo, a noite e
                      o momento exato deste renascer de Sirius, chamado pelos povos andinos como
                      a  “Estrela  do  Lobo”.  Espreitavam  com  enorme  interesse  esse  momento  e
                      observavam  a  cor  da  sua  luz,  que  se  sabe,  ao  longo  do  tempo  ter  se
                      transformado de vermelho forte para o azul esbranquiçado da atualidade.


                      A tonalidade da luz estelar era de grande importância porque evidenciava
                      outro evento ainda mais raro e intrigante envolvendo o sistema estelar e que
                      se repetia e era observado a cada cento e dezessete anos, chamado o “nascer
                      da Raposa de Prata”.

                      Tal fenômeno raro era inacreditável sob vários aspectos porque demandava
                      uma  sucessão  extraordinária  e  tão  exata  e  coincidente  de  movimentos
                      astronômicos que se constituía na materialização de um verdadeiro milagre.

                      Para  acontecer  o  “nascimento  da  Rapoza  de  Prata”  era  preciso  que  o
                      equinócio da primavera coincidisse com a lua cheia de setembro e com um
                      eclipse  lunar  total  e  o  nascer  helíaco  da  estrela  Sirius  A,  na  madrugada
                      seguinte ao eclipse, com o alinhamento exato e na distância exata da estrela
                      Sirius  B,  sobrepondo-se  a  anã  marrom  e  se  posicionando  com  o  Sol  num
                      ângulo ideal em relação à Terra e à Lua. Todos esses eventos acontecerem
                      sincronizados  e  nos  instantes  e  ângulos  exatos,  evidenciavam  algo
                      maravilhoso,  milagroso,  inusitado,  impossível,  mas,  no  entanto,  acontecia
                      exatamente assim a cada cento e dezessete anos, impreterivelmente.

                      Então,  era  chegado  o  momento  quando  a  pequena  e  pálida,  ao  ponto  da

                      invisibilidade, anã branca Sirius B entrelaçada a sua irmã ainda mais obscura,
                      a anã marrom Sirius C, de repente se libertava do manto da invisibilidade e
                      aparecia  em  frente  a  estrela  poderosamente  brilhante,  Sirius  A  e  com  um
                      brilho fantasmagórico e inexplicável, ofuscava-a.

                      Para  os  Java  Ayran  andinos  e  para  os  Dogons  africanos  tornou-se  uma
                      questão  vital  e  não  apenas  cultural,  rastrear  o  firmamento  em  busca  do
                      “nascer da Raposa de Prata” e vê-lo se repetir com perfeição a cada cento e
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