Page 315 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Entre os povos andinos são conhecidas e narradas uma infinidade de histórias
sobre as excursões frustradas de grupos que se aventuraram contra todas as
orientações e avisos dos moradores do lugar e ficaram perdidos, procurando
os caminhos para a subida durante dias. Seguindo as estradas aparentemente
muito utilizadas, percorrendo quilômetros entre paredões de pedra que ao
olhar e ao senso comum dos visitantes, só poderiam levar aos platôs lá no alto,
mas que, no entanto, acabavam envolvendo as pessoas em verdadeiros
labirintos. Obrigando-as se reconhecerem perdidas, até que convencidas da
inutilidade de seus esforços, após voltas infindáveis, retornavam sobre os
próprios passos para voltarem ao ponto de onde partiram.
Muitos mencionavam um personagem misterioso, por vezes descrito como um
nativo, velho, encurvado, com o rosto desfeito em rugas que lhes indicava a
direção da saída do labirinto assegurando que conseguissem encontrar o
caminho da volta. Por vezes era um menino índio e houve até quem seguisse,
instintivamente, o andar, aparentemente sem rumo, de uma lhama ou o voo
de um condor.
Mas sempre, ao incorporarem a certeza de que deveriam desistir da escalada
se viam milagrosamente direcionados corretamente para a volta e qualquer
que fosse o ser mágico que se apresentava para ajudar, o rumo indicado era
sempre contrário ao da subida e terminava invariavelmente nos pés da
montanha.
Mas aqueles poucos que efetivamente subiam o vulcão inebriam-se com a
beleza da paisagem e com a experiência mística.
Além da visão intrigante formada pelo reflexo da montanha no solo
avermelhado, coberta pelo manto azul esmaecido do céu sobre suas coroas
nevadas, o Calla Hoayra é repleto de pequenos platôs encantadores, com
vegetação e flores extraordinárias, pequenas nascentes e até algumas
cachoeiras cristalinas encobrindo cavernas misteriosas.