Page 315 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
P. 315

Entre os povos andinos são conhecidas e narradas uma infinidade de histórias
                      sobre as excursões frustradas de grupos que se aventuraram contra todas as
                      orientações e avisos dos moradores do lugar e ficaram perdidos, procurando
                      os caminhos para a subida durante dias. Seguindo as estradas aparentemente
                      muito utilizadas, percorrendo quilômetros entre paredões de pedra que ao
                      olhar e ao senso comum dos visitantes, só poderiam levar aos platôs lá no alto,
                      mas  que,  no  entanto,  acabavam  envolvendo  as  pessoas  em  verdadeiros
                      labirintos. Obrigando-as se reconhecerem perdidas, até que convencidas da
                      inutilidade  de  seus  esforços,  após  voltas  infindáveis,  retornavam  sobre  os
                      próprios passos para voltarem ao ponto de onde partiram.


                      Muitos mencionavam um personagem misterioso, por vezes descrito como um
                      nativo, velho, encurvado, com o rosto desfeito em rugas que lhes indicava a
                      direção  da  saída  do  labirinto  assegurando  que  conseguissem  encontrar  o
                      caminho da volta. Por vezes era um menino índio e houve até quem seguisse,
                      instintivamente, o andar, aparentemente sem rumo, de uma lhama ou o voo
                      de um condor.

                      Mas sempre, ao incorporarem a certeza de que deveriam desistir da escalada
                      se viam milagrosamente direcionados corretamente para a volta e qualquer
                      que fosse o ser mágico que se apresentava para ajudar, o rumo indicado era
                      sempre  contrário  ao  da  subida  e  terminava  invariavelmente  nos  pés  da
                      montanha.

                      Mas  aqueles  poucos  que  efetivamente  subiam o  vulcão inebriam-se  com a
                      beleza da paisagem e com a experiência mística.


                      Além  da  visão  intrigante  formada  pelo  reflexo  da  montanha  no  solo
                      avermelhado, coberta pelo manto azul esmaecido do céu sobre suas coroas
                      nevadas,  o  Calla  Hoayra  é  repleto  de  pequenos  platôs  encantadores,  com
                      vegetação  e  flores  extraordinárias,  pequenas  nascentes  e  até  algumas
                      cachoeiras cristalinas encobrindo cavernas misteriosas.
   310   311   312   313   314   315   316   317   318   319   320