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GRUPO FATECAMP DE ENSINO
A Capelania Hospitalar constitui um excelente espaço para abrir caminhos e
construir pontes, onde o diálogo foi cortado, pois as pessoas estão mais frágeis,
carentes, necessitadas, sentem medo; é aí que vem o apoio dos capelões, com a
Palavra de Deus, trazendo novidade de vida que só se encontra em Jesus.
ENTENDENDO A CAPELANIA HOSPITALAR
Como se sente uma pessoa doente?
Qual a real situação de uma pessoa doente?
De que ela precisa?
Temos que procurar uma ponte que nos faça
alcançar o mundo em que as pessoas doentes estão
acometidas de um derrame.
Para entender esse serviço, vamos usar o
exemplo de João.
João é levado às pressas pelos vizinhos ao
hospital mais próximo. Ao saber do acontecido, a sua
esposa sai correndo para o hospital. Encontra João no CTI, deitado apaticamente,
recebendo soro pela veia. Junto ao seu leito, um monitor registra as palpitações do
coração de João. Para João e sua mulher, que são da
roça, todos esses aparelhos do CTI constituem uma
incógnita que torna a sua angústia e a sua inadequação
ainda maiores. Mariana, mulher de João, muito ansiosa,
procura saber o que aconteceu com João. O médico
plantonista lhe explica que João teve um derrame e que
todo o lado direito do seu corpo está paralisado.
Tiveram que dar-lhe um calmante, pois estava muito
nervoso e agitado.
Também as visitas posteriores de Mariana
são para ela angustiantes. Ele se agita para falar, mas
não consegue... Ele pede com o olhar, mas ela não
entende o seu pedido. Ele se sente cada vez mais isolado com as suas súplicas não
pronunciadas, com os seus pedidos não entendidos. Por isso, ele fica nervoso, e se
agita, mexe-se muito no leito, e chora com facilidade. Tenta levantar o braço e a perna
direitos, mas não consegue. Perde a paciência, fecha o punho e bate na cama.
Depois de um tratamento longo e doloroso, João recupera a fala. Ainda
manca, quando anda. João fala aos seus amigos da agonia que sentia, no hospital,
quando tentava se comunicar, mas não conseguia. "A gente fica louco, quando está
lúcido, ouve tudo, vê tudo, percebe tudo, entende tudo, mas não consegue falar,
perguntar, responder..." E João compartilha com a família e os amigos as coisas que
sentiu no hospital. Às vezes ficava desesperado. Em outros momentos, ficava
deprimido, ou com raiva de tudo e de todos. Faltava-lhe paciência.
Vamos tentar entender o que se passou com João. A doença o privou de
repente de sua capacidade de movimentar-se e comunicar-se. Tornou-se quase tão
dependente quanto uma criança. Foi levado a um mundo estranho para ele: o hospital.
Pessoas desconhecidas mexeram no seu corpo, despiram-no, aplicaram-lhe injeções,
entraram em sua intimidade. Ficou exposto a tantos aparelhos no CTI, sem entender o
que se passava. Nesse mundo marcado pela tecnologia e pelo profissionalismo,
alguém como João facilmente se sente perdido. Muitos pacientes reagem com
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33 A 2033: OS 2000 ANOS DA IGREJA NA TERRA