Page 91 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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tomaram conhecido, ensinando assim as nações e as greis a conhecer-se e
a estimar-se mais e melhor!»
Vasco da Gama e os seus companheiros gostariam de ficar ainda algum
tempo na ilha maravilhosa... Mas o vento e o Mar estavam serenos, e foi a
própria Tétis que os aconselhou a embarcarem logo, para chegarem, sem
mais tormentos nem aflições, à Pátria querida.
Partiram, pois, levando água e mantimentos frescos. E, enlevados sempre
na lembrança daquela estada feliz e daquelas ninfas tão acolhedoras e
amáveis que os tinham agasalhado e reconfortado, levaram consigo a
certeza de imorredoira fama para os seus feitos inigualáveis.
Não se descreve o que foi, semanas depois, a chegada dos navegadores a
Portugal.
O Tejo corria mansamente. E as naus, que ninguém esperava, entraram a
barra de surpresa, causando entusiasmo sem par entre a multidão que aos
poucos se juntava e apinhava nas margens do rio.
Vieram o Rei e a corte receber Vasco da Gama e os seus companheiros.
Os abraços, as exclamações de regozijo, as lágrimas de comoção não
cessavam. Todos os peitos arfavam de alegria. Todos os olhos choravam de
contentamento.
Ninguém calava a sua admiração pela ousadia e pela tenacidade dos nossos
marinheiros, que tão longe tinham ido, tantos prodígios tinham visto,
tantos perigos tinham passado — e ali se encontravam outra vez respirando
o ar deleitoso da sua terra, engrandecida pelo esforço ingente desses
lusitanos ilustres.
Portugal era senhor de vastas possessões e de vastos oceanos, pelo valor e
pelo patriotismo dos seus filhos!