Page 94 - Os Lusiadas Contados as criancas e lembrado ao povo
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Luís de Camões nasceu em Lisboa, em 1524 — fins do primeiro quarteirão

                  do  século  XVI.  Em  Lisboa  passou  a  sua  infância  e  ainda  muito  novo  foi


                  estudar para Coimbra. Já nesse tempo se estudava ali muito. Mas o que ele

                  mais  gostava  de  aprender  era  a  História  de  Portugal.  Como  era  pobre,

                  aceitou a proteção de seu tio D. Bento, sacerdote e sábio, que o ia guiando

                  nos estudos. Um belo dia, porém, abandonou Coimbra, antes mesmo de

                  completar o curso e veio para Lisboa. Porquê? Ainda ninguém o sabe. Mas


                  decerto para conhecer a cidade principal do seu Pais, e aí compreender

                  melhor as aspirações e a vida de Portugal...

                  Reinava D. João III. Luís de Camões era fidalgo e podia frequentar a corte.

                  Ia às festas e saraus do palácio real. Foi nessas festas que viu uma linda

                  menina, com quem resolveu casar-se. Escreveu muitos versos consagrados


                  a  essa  rapariga  nobre.  Mas  nunca  disse  o  verdadeiro  nome  da  sua

                  apaixonada, tratando-a nas poesias pelo nome inventado de Natércia. O

                  pior de tudo era que o poeta não tinha fortuna — e a menina era rica. Ora,

                  nesse tempo, os pobres não casavam com os ricos. O rei, indignado, e não

                  querendo que o casamento se realizasse desterrou Camões para longe de


                  Lisboa,  para  o  Ribatejo.  E  lá  foi  o  jovem  Camões  exilado,  sofrendo  as

                  consequências dos costumes rigorosos da corte.

                  Não lhe agradava, porém, o desterro. Aborrecia-se por não poder trabalhar,

                  nem ganhar a sua vida, na terra de província onde estava. Pediu então que

                  o deixassem alistar- -se como soldado, para ir defender a Pátria nas regiões


                  de  além-mar.  Mandaram-no  para  Ceuta.  Foi  ferido,  como  já  se  disse,  e

                  perdeu um dos olhos. Depois de dois anos de guerra, voltou para Lisboa,

                  onde resolveu ficar.
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