Page 104 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Não recua – e percebe seu erro quando é tarde demais. Um carro, muito

                perto.
                  Ele ouve a buzina ensurdecedora, o barulho de pneus derrapando na neve
                derretida e, instantaneamente, lembra-se do dia fatídico, o dia que deu início

                a tudo aquilo.
                  Distraído.  Estúpido.  Ele  salta  no  ar,  pensando  por  um  momento  que

                passou do teto do carro, quando seu pé atinge a placa de táxi que há em
                cima. Ele é derrubado de lado e voa pelo ar, atingindo um monte de neve na

                calçada. Seu fôlego foge dos pulmões.
                  Matt se contrai e rola, a neve congelante em seu rosto. A risada chega até

                ele pelo vento. Levanta-se. Volta a correr.
                  Um  grito  repentino  ecoa  através  da  noite  de  inverno.  Matt  se  vira  na
                direção  dele,  seguindo  os  largos  caminhos  de  concerto  do  parque.  Outro

                grito, mas dessa vez é seguido por uma risada suave, sedutora.
                  Seu pé atinge algo. Ele se inclina e toca o objeto.

                  Um tênis.
                  Ele franze a testa, mas deixa onde está e continua seguindo pelo caminho.

                Encontra o segundo tênis a cerca de dez passos. E então um cachecol.
                  E então…

                  … uma calça. E uma camiseta.
                  E então, pendurada nas árvores… roupa íntima.
                  Que diabos está acontecendo aqui?

                  Ele para embaixo da árvore, ergue o braço.
                  – Parado, idiota.

                  Matt faz o que é pedido.
                  – Vire-se. Devagar.

                  Matt obedece. Dois policiais: um velho, já surrado; um novo, nervoso, os
                dedos se abrindo e se fechando em volta do cabo da arma. Matt pode acabar

                com  os  dois  se  for  preciso.  Diabos,  pode  correr  se  for  preciso.  Mas  isso
                seria quebrar as regras, e ele se lembra da última vez em que quebrou as
                regras. Uma garota acabou morrendo.

                  Ele não será responsável por algo assim novamente.
                  – Steve, vá ver a garota – diz o policial mais velho. – Eu vigio o doente.
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