Page 105 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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O  jovem  policial  se  apressa,  deixando  o  velho  caminhando  junto  com

                Matt.
                  – Você não vai fazer nada estúpido agora, vai, garoto?
                  Matt estica as mãos à frente dele, e as entrelaça.

                  – Não, senhor. Sou todo seu. Isso é apenas um mal-entendido.
                  – Sim. Nunca ouvi isso antes. Identidade?

                  Matt suspira e puxa a carteira do bolso de seu traje. O policial a analisa.
                Matt quase pode ouvir a confusão enrugando seu rosto.

                  – Aqui, hum… diz que você é cego.
                  – Está correto, oficial.

                  – Tipo… completamente cego?
                  – Temo que sim. Desde criança.
                  – O que diabos está fazendo aqui a essa hora da noite?

                  –  Eu  não  conseguia  dormir.  Resolvi  dar  uma  volta.  É  época  de  provas,
                sabe? Estudo Direito.

                  – É mesmo? Um advogado cego? Bom para você, garoto.
                  Ele  devolve  a  carteira  para  Matt  no  momento  em  que  o  jovem  policial

                volta.
                  – Não encontrei nada – ele disse. – Nem garota, nem corpo, nada.

                  – Você não vai encontrar um corpo, Steve. Vamos lá. – Ele puxa o jovem
                policial pelo braço e o leva de volta para a viatura.
                  –  O  que  está  fazendo?  –  reclama  Steve.  –  Não  vamos  nem  levá-lo

                conosco?
                  – Por qual motivo? Ser cego em um local público?

                  – Cego?
                  Matt deixa os dois policiais discutindo e caminha lentamente pelo passeio.

                Ele sabe que está sendo observado.
                  E ela está se divertindo muito à custa dele.

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                  O  inverno  vem  com  força  no  dia  seguinte.  Flocos  de  neve  grossos  e
                pesados cobrem todo o campus, amontoando-se contra as janelas e calçadas.

                  – Eu não entendo – diz Foggy, a voz abafada pelo cachecol.
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