Page 75 - Processos e práticas de ensino-aprendizagem
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     esperado  –  tal  fato  gerou  uma  deficiência  auditiva  total  do  ouvido  esquerdo,  o  que
               prejudicou um pouco minha aprendizagem no processo de conhecimento do mundo.
                      Do que eu me lembre, fui uma criança calma e feliz. Com brinquedinhos, cercada
               de  livros  e  incentivada  a  ouvir  boas  músicas  –  meus  pais  foram  meus  melhores
               professores – desde cedo fui muito incentivada a ler e escrever.
               Escola e desconhecimento
                      Ao  meu  ver,  minha  trajetória  escolar  sempre  foi  confusa  e  desprovida  de
               objetividade – eu nunca me vi professora ou ligada à educação de alguma forma. Nunca
               consegui gostar do ambiente escolar tradicional, porém sempre gostei de aprender, de
               ler,  que  me  contassem  histórias  e  fatos  interessantes  sobre  qualquer  forma  de
               conhecimento: religiosidade, ciências, arte, cultura, história...
                      As aulas sempre me foram tediosas e absurdamente chatas. Não havia coerência
               no que me mandavam fazer com o que eu gostaria de estar fazendo e assim foi boa parte
               da educação básica. A incoerência docente sempre foi motivo das minhas decepções
               educativas: a distância entre o falar e o fazer. “mas para que eu preciso entender isso?
               em que posso usar isso?” os professores “Você tem que aprender e pronto!” e isso para
               mim, aquariana com ascendente em virgem e lua em peixes não fazia o menor sentido.
               Bullying e depressão
                      Até a quarta série do ensino fundamental estudei em uma instituição privada de
               ensino e depois, por falta de recursos para educar três filhos, meus pais optaram pela
               escola  pública.  Na  escola  pública,  os  desafios  eram  diários:  o  que  hoje  chamamos
               bullying e é combatido com fervor pelas instituições, no passado era apenas uma “pilha”
               nos colegas e ninguém via os meus hematomas, cabelos arrancados, rosto vermelho de
               tanto chorar depois de ter sido humilhada pelas garotas mais populares da escola (uma
               escolinha pública de bairro, elas talvez fossem mais desprovidas economicamente do
               que eu, mas ganhavam em força bruta e agressividade).
                      Eu fui perdendo o gosto por estudar cada dia mais... ir à escola era um suplício:
               professores que não davam o livro inteiro e só queriam falar sobre como eram infelizes
               sendo  professores/ou  a  política  partidária/  ou  como  o  mundo  seria  perfeito  se  o
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                       PROCESSOS E PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: HISTÓRIAS DE VIDA E DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES





