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Estudo introdutório

João Quartim de Moraes

difí
É cil exagerar a importância da renovação do pensamento his-
tórico-materialista empreendida por Domenico Losurdo. Ele imprimiu
um forte e original impulso crítico à compreensão das grandes filosofias
políticas da era da revolução francesa, notadamente a de Hegel, mas foi
sobretudo a análise original das grandes questões de nosso tempo que
lhe valeu renome e respeito internacionais. Não se trata obviamente de
compartimentar sua obra: mesmo em seus escritos sobre os temas mais
concretos da atualidade internacional, está presente a perspectiva filosó-
fica, conectando o significado dos eventos singulares às grandes linhas
de força do movimento histórico.
Pensar contra a corrente exige não somente sólida estatura in-
telectual, mas também muita firmeza de caráter. Losurdo foi um dos
poucos que não se deixaram impressionar pelo melancólico espetáculo
propiciado pelas longas colunas de renegados e desertores do comu-
nismo, que aderiam à “democracy” e à “globalization” made in USA, sob
o pretexto de que o fiasco de Gorbachev e o golpe capitalista de Ieltsin
teriam comprovado o “fracasso” do marxismo. Ele publicou, em janeiro
de 1991, em plena derrocada soviética, o primeiro de muitos artigos

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