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LOSURDO. PRESENÇA E PERMANÊNCIA

revolução anticolonial, faz desvanecer as esperanças numa futura época
de paz expressas num livro como Um mundo sem guerras . Legou-nos,
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porém, os melhores e mais afinados instrumentos para enfrentar este
mundo, começando pelos seus conflitos cruciais, e para criticá-lo, ou
seja, para compreender as suas condições de possibilidade. Deixou-nos
os instrumentos para contrapor a este mundo uma imagem diferente,
embora sempre fundada na objetividade do que é real e racional, e não
nos sonhos e nos desejos dos que pensam poder-se permitir ignorar
a dureza do mundo: como escrevia Marx a Ruge – e eis outra citação
muito amada por Losurdo –, “nós não antecipamos o mundo, mas
criticando o velho mundo procuramos o novo”.
Há uma outra coisa a referir que Losurdo ultimamente repetia,
amiúde, aos seus alunos, citando-a criticamente como exemplo negativo
de intimismo, de subjetivismo e da “hipocondria do impolítico” . É
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uma célebre poesia escrita por Ungaretti em 1916, no meio da guerra
mundial, intitulada San Martino sul Carso:

Destas casas
Não ficou
Senão algum
Vestígio de parede
De tantos
Que me correspondiam
Não ficou
Nem isso
Mas no coração
Nenhuma cruz falta.
É o meu coração
O país mais destroçado 37

35 LOSURDO, 2016
36 Cf. LOSURDO, 2001.
37 UNGARETTI, 1992, p. 36.

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