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MARXISMO E A QUESTÃO NACIONAL (...) | PAUTASSO - FERNANDES - DORIA
micas desenvolvidas no campo marxista. Entende-se que essa questão
entrelaça as dimensões internas e internacionais de modo singular, con-
figurando-se num conceito que amalgama os aspectos teóricos e práti-
cos do marxismo, bem como as múltiplas formas com que as lutas de
classes se apresentam. Para tanto, o tema está dividido em três seções:
na primeira, discute as primeiras formulações da questão nacional até
o debate à época da II Internacional; na segunda, analisa a crítica de
Lênin e os desafios políticos da questão nacional no contexto da confor-
mação da URSS; e, por fim, na terceira, expõe a contribuição de Dome-
nico Losurdo ao debate da questão nacional na atualidade.
1. A Questão Nacional: das primeiras formulações
à II Internacional
Originalmente, o debate sobre a questão nacional foi deixado de
lado pelo movimento comunista, pois era visto como uma agenda me-
ramente burguesa (GALLISSOT, 1984, p. 173). De fato, nos seus escritos
de juventude, esse não foi um tema central para Marx e Engels (2010,
p. 56): “Os operários não têm pátria. Não se lhes pode tirar aquilo que
não possuem”, anunciava o Manifesto do Partido Comunista em 1848 em
6
tom de injunção à luta. A visão de Marx foi, porém, assumindo contor-
nos mais complexos sobre o tema, quando afirmou que a revolução na
Inglaterra, a metrópole do capital, poderia ser impulsionada pela luta
nacional da Irlanda (GALISSOT, 1984, p. 185).
Aliás, está cada vez mais claro que o amadurecimento intelec-
tual de Marx tornou sua abordagem ainda mais complexa e multilinear,
investindo seu tempo na análise de sociedades não ocidentais (Índia,
Argélia, Indonésia, China), questões raciais, étnicas e de identidade na-
cional. A preocupação com os processos de libertação nacional, com as
contradições do colonialismo, com a luta contra o escravismo da popu-
lação negra, entre outros, começou a ganhar relevância. A teoria social
6 Ainda assim reconheciam a tarefa dos comunistas “nas diversas lutas nacionais do proletariado” (MARX; ENGELS,
2010, p. 51).
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