Page 62 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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Pelo fato de Hagen ter-se tornado consigliori? Ou talvez a convicção de um homem de negócios
  de que Sollozzo ganharia a questão? Não, era impossível que Clemenza fosse um traidor, e então
  Michael  pensou  tristemente  que  era  impossível  somente  porque  ele  não  queria  que  Clemenza
  morresse. O gordo sempre lhe trouxera presentes quando ele criança, tinha às vezes o levado a
  passeios  quando  Don  Corleone  estava  ocupado.  Ele  não  podia  acreditar  que  Clemenza  fosse
  capaz de trair.
    Mas, por outro lado, Sollozzo queria Clemenza na sua gaveta mais que qualquer outro homem
  da Familia Corleone.
    Michael pensou em Paulie Gatto, Paulie até então não se tornara rico. Era bem conceituado,
  a sua subida na organização era certa, mas tinha de contar tempo como qualquer outra pessoa.
  Também  ele  teria  sonhos  mais  audaciosos  de  poder,  como  acontece  geralmente  aos  jovens.
  Tinha de ser Paulie. E então Michael lembrou-se de que quando criança ele e Paulie estiveram
  na mesma classe da escola e ele não queria tampouco que Paulie fosse o traidor. Balançou a
  cabeça.
    — Nenhum dos dois — respondeu.
    Mas disse isso somente porque Sonny afirmara que ele tinha a resposta. Se houvesse uma
  votação, ele votaria em Paulie como culpado.
    Sonny riu para ele.
    — Não se preocupe — declarou. — Clemenza está fora de suspeita. É Paulie.
    Michael pôde ver que Tessio sentiu um alívio. Como caporegime, tal como Clemenza, sua
  simpatia devia pender para este. Também a situação atual não seria tão grave, se a traição não
  tivesse ido tão longe. Tessio perguntou cautelosamente:
    — Então posso mandar meu pessoal para casa amanhã?
    —  Depois  de  amanhã  —  respondeu  Sonny.  —  Não  quero  que  ninguém  saiba  isso  até  lá.
  Escute, quero falar um negócio de família com meu irmão, particularmente. Espere lá fora na
  sala de estar, sim? Podemos acabar nossa lista mais tarde. Você e Clemenza trabalharão juntos
  nisso.
    — Está bem — respondeu Tessio, e retirou-se.
    — Como você sabe com certeza que é Paulie? — perguntou Michael.
    — Temos gente na companhia telefônica e eles averiguaram todas as chamadas transmitidas
  e recebidas por Paulie. As de Clemenza também. Nos dias em que Paulie esteve doente, recebeu
  um telefonema de uma cabina telefônica situada em frente ao edifício do velho. Hoje também.
  Estavam confirmando se Paulie viria trabalhar hoje ou se alguém seria enviado em seu lugar. Ou
  procuravam averiguar outra coisa. Não importa. — Sonny deu de ombros e finalizou: — Graças
  a Deus foi Paulie. Vamos precisar muito de Clemenza.
    — Vai ser uma guerra total? — perguntou Michael hesitantemente.
    O olhos de Sonny estavam muito sérios.
    — É o que vou fazer assim que Tom voltar. A não ser que o velho me diga que proceda de
  outro modo.
    —  Então,  por  que  você  não  espera  até  que  o  velho  possa  dizer  o  que  fazer?  —  indagou
  Míchael.
    Sonny olhou para ele curiosamente.
    —  Como  diabo  conseguiu  você  ganhar  essas  medalhas  de  combate?  Estamos  em  plena
  batalha, homem, temos de lutar. Estou até com medo que eles não soltem Tom.
    Michael ficou surpreso com isso.
    — Por que não? — perguntou.
    A voz de Sonny tornou-se outra vez impaciente.
    — Seqüestraram Tom porque imaginavam que o velho estava liquidado e que podiam fazer
  um  trato  comigo,  e  Tom  seria  o  sujeito  indicado  para  os  contatos  preliminares,  para  trazer  a
  proposta. Agora, como o velho está vivo, sabem que não posso fazer um trato, de modo que Tom
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