Page 59 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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junto com o velho, mas meu pessoal tinha ordem rigorosa de não atirar nele. Não quero mais
ressentimentos do que os estritamente necessários. Você pode dizer isso a eles, Freddie está vivo
graças a mim.
Finalmente, a mente de Hagen começou a funcionar. Pela primeira vez, ele realmente
acreditava que Sollozzo não pretendia matá-lo nem mantê-lo como refém. O súbito alívio do
medo que lhe percorreu o corpo fê-lo corar de vergonha. Sollozzo observava-o com um tranqüilo
sorriso de compreensão. Hagen começou a ponderar os fatos. Se ele não concordasse em
defender a causa de Sollozzo, poderia ser assassinado. Mas, afinal, pensou que Sollozzo esperava
apenas que ele apresentasse a causa e o fizesse devidamente, como lhe competia fazer como um
consigliori responsável. E agora, pensando nisso, ele também admitiu que Sollozzo tinha razão.
Uma guerra ilimitada entre os Tattaglia e os Corleone devia ser evitada a todo custo. Os Corleone
deviam enterrar o seu pranteado chefe e esquecer, fazer um acordo. E, então, quando chegasse o
momento oportuno, podiam vingar-se de Sollozzo.
Levantando os olhos, ele compreendeu que Sollozzo sabia exatamente o que ele estava
pensando. O turco agora sorriu. E, de súbito, uma idéia ocorreu à mente de Hagen. Que teria
acontecido a Luca Brasi para que Sollozzo estivesse tão despreocupado? Teria Luca feito um
acordo? Ele se lembrava de que na noite em que Don Corleone rejeitara a proposta de Sollozzo,
Luca tinha sido convidado a comparecer ao escritório para uma conversa particular com Don
Corleone. Mas agora não era hora de se preocupar com tais detalhes. Ele tinha de voltar para a
segurança da fortaleza da Família Corleone em Long Beach.
— Farei o possível — disse ele a Sollozzo. — Acredito que você tem razão, é precisamente o
que Don Corleone queria que nós fizéssemos.
Sollozzo balançou a cabeça com gravidade.
— Ótimo — respondeu ele. — Não gosto de derramamento de sangue, sou um homem de
negócios, e sangue custa muito dinheiro.
Nesse momento, o telefone tocou e um dos homens sentados atrás de Hagen foi atendê-lo.
Ele ouviu um pouco e depois respondeu laconicamente:
— Está certo, direi a ele.
Em seguida, desligou e dirigiu-se para o lado de Sollozzo e sussurrou no ouvido do turco.
Hagen viu o rosto de Sollozzo empalidecer, os seus olhos brilharem de raiva. Ele próprio sentiu
um frêmito de medo. Sollozzo olhou para ele especulativamente, e de repente Hagen
compreendeu que não ia mais ser solto. Algo ocorrera que podia significar a sua morte. Sollozzo
falou:
— O velho ainda está vivo. Cinco balas na carcaça desse siciliano e ele ainda está vivo. —
Deu de ombros de modo fatalista. — Azar — disse para Hagen. — Azar meu. Azar seu.