Page 56 - O Poderoso Chefao - Mario Puzo_Neat
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aparentemente inofensiva, era uma fortaleza inexpugnável.
Todas as oito casas eram equipadas com holofotes que iluminavam pr fusamente o terreno
em volta delas e tornavam impossível que alguém ali se emboscasse. Sonny atravessou a rua
para a casa do pai e entrou com a sua própria chave.
— Mãe, onde está você? — gritou, e a mãe veio da cozinha ao seu encontro. Atrás dela,
elevou-se o cheiro de pimentões fritos. Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, Sonny tomou-a
pelo braço e fê-la sentar-se. — Acabo de receber um telefonema — disse. — Agora não se
preocupe. Papai está no hospital, está ferido. Vista-se e apronte-se para ir para lá. Terei um carro
e um motorista para você dentro de pouco tempo. Entendido?
A mãe olhou para ele firmemente por um momento, depois perguntou em italiano:
— Eles o balearam?
Sonny acenou com a cabeça afirmativamente. A mãe baixou a cabeça por um momento.
Em seguida, voltou para a cozinha. Sonny a seguiu. Ele a viu desligar o gás sob a frigideira cheia
de pimentões e depois sair e subir para o quarto de dormir. Sonny pegou alguns pimentões da
frigideira e pão da cesta em cima da mesa e fez um sanduíche, lambuzando-se com o azeite
quente que lhe escorria pelos dedos. Foi até a enorme sala do canto que era o escritório do pai e
tirou o telefone especial de uma caixa fechada a chave. O fone tinha sido especialmente
instalado e o aparelho constava no catálogo com nome e endereço falsos. A primeira pessoa que
Sonny chamou foi Luca Brasi. Não houve resposta. Depois telefonou para o caporegime do
Brooklyn, um home de indiscutível lealdade a Don Corleone. O nome desse homem era Tessio.
Sonny comunicou-lhe o que havia acontecido e o que desejava. Tessio devia reunir cinqüenta
homens de absoluta confiança. Devia mandar guardas para o hospital e destacar homens para
Long Beach, a fim de trabalharem lá. Tessio perguntou:
— Eles pegaram Clemenza também?
— Não quero usar o pessoal de Clemenza agora — respondeu Sonny.
Tessio compreendeu imediatamente, fez uma pausa, e depois falou:
— Desculpe-me, Sonny, digo isso como seu pai diria. Não ande muito depressa. Não
acredito que Clemenza nos traiu.
— Obrigado — respondeu Sonny. — Também não penso, mas preciso tomar cuidado. Certo?
— Certo — retrucou Tessio.
— Outra coisa disse Sonny. — Meu irmão menor Mike está na em Hanover, New
Hampshire. Faça algumas pessoas que nós conhecemos em Boston irem até lá e o trazerem aqui
para casa até que a situação se acalme. Vou telefonar para ele para que as espere. Também
estou medindo bem as coisas, justamente para ter certeza.
— Entendido — respondeu Tessio. — Estarei na casa de seu pai assim que tiver todas as
coisas providenciadas. Entendido? Você conhece meus rapazes, não é?
— Sim — retrucou Sonny, e desligou o telefone.
Foi até um pequeno cofre de parede e o abriu, dele tirando um livro com índice alfabético
encadernado em couro azul. Abriu-o e folheou-o até encontrar o lançamento que estava
procurando, o qual dizia: “Ray Farrell 5.000 dólares véspera de Natal.” Isso era seguido de um
número de telefone. Sonny discou o número e perguntou:
— Farrell?
O homem do outro lado da linha respondeu:
— Sim.
— Aqui é Santino Corleone — disse Sonny. — Quero que você me faça um favor e que seja
já. Quero que você me averigüe dois números de telefone e me forneça todas as chamadas que
eles receberam e todas as chamadas que fizeram durante os últimos três meses. — Deu o
número da casa de Paulie Gattto e o da casa de Clemenza. Depois acrescentou: — Isso é
importante. Consiga-me isso antes de meia-noite e você terá um Natal verdadeiramente
extraordinário.