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XI - arqueólogos e comunidades locais no

                             projeto de educação patrimonial


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            As reflexões aqui apresentadas referem-se às atividades   dessas comunidades, o lugar de suas narrativas na
            do Projeto de Educação Patrimonial realizadas no   construção do passado e a gestão comunitária dos
            âmbito do Projeto de Pesquisa Arqueológica da 7ª   bens arqueológicos. Como se vê, a Arqueologia Pública
            Etapa de Recuperação do Centro Histórico de Salvador   é, ao mesmo tempo, produto e vetor de reflexões
            (Monumenta/Iphan), entre 2007 e 2008. O texto visa     acadêmicas, de ações políticas e de estratégias de
            apresentar as ações executadas e, em particular,  discutir   gestão (ver Bezerra, 2003; Funari, 2004; Pyburn & Wilk,
            a percepção que os moradores do Centro Histórico de   2000; Schaan, 2007, entre outros).                            O PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
            Salvador – os velhos e os auxiliares de campo – têm
                                                             Muitos autores (Pyburn & Bezerra, 2006; Pyburn &
            sobre a Arqueologia.
                                                             Wilk, 2000), entendem a  Arqueologia  Pública como
            A realização de projetos de divulgação científica   Antropologia Aplicada (Pyburn & Bezerra, 2006; Shackel
            pressupõe o conhecimento dos grupos que serão    & Chambers, 2004). A pesquisa aplicada, diferente da
            alcançados pelos programas e pelos materiais utilizados
            para disseminar os resultados da ciência. No caso da
            Educação Patrimonial voltada para a Arqueologia, a
            preocupação é  ainda  maior. A Educação Patrimonial
            é um processo de ensino-aprendizagem no qual
            vários sujeitos com seus distintos pertencimentos
            estabelecem um diálogo (Horta; Grunberg; Monteiro,
            1999). Isso torna imperioso conhecer o universo cultural
            desses atores e a partir dele elaborar ações que, de fato,
            possam promover a sensibilização, a apropriação e a
            preservação do patrimônio arqueológico.                                                             Ilustração
                                                                                                                de Adriana
            Em nosso entendimento, a Educação Patrimonial deve                                                  Mendonça
            ser compreendida como um caminho fundamentado                                                       para projeto
                                                                                                                de Educação
            pela perspectiva da Arqueologia Pública. A Arqueologia                                              Patrimonial.
            Pública é uma vertente da Arqueologia preocupada em
            compreender as relações entre distintas comunidades
            e  o  patrimônio  arqueológico,  considerando  o
            impacto do discurso acadêmico na visão de mundo                                                                  169






            Programa monumenta – IPhan
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