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houve opção maciça pelas indenizações, pois estas, financeiros, relegou a recuperação social do local. E a
calculadas caso a caso, levavam em consideração negociação foi em grande parte intransigente por não
o tamanho da família, o tamanho da moradia […], permitir a compreensão de que o Centro Histórico/
a indenização resultava em valores bem atrativos, Pelourinho de Salvador já possuía vitalidade social,
pois a renda familiar média era inferior a uS$ 100 que precisava ser estudada e incentivada. Portanto,
por mês […]. requalificar a localidade, negando seu próprio
dinamismo e função social, e entregá-la a grupos
Várias etapas do Programa prosseguiram com a mesma
detentores de capital era o objetivo evidente do projeto
política de separação social.
elaborado pelo Estado.
O Centro Histórico, como ponto turístico, foi alvo de
Em contrapartida, a resistência popular, que sempre
atenção nos últimos anos da década de 1990. Houve
se mostrou presente no Pelourinho, continua viva.
melhoramentos consideráveis na infraestrutura e
Desafia o Estado e mostra à sociedade que é
valorização do patrimônio material. Mas o patrimônio Conjunto
possível respeitar o patrimônio histórico, os
imaterial, que ali se enraizou ao longo do tempo, arquitetônico do
moradores da região e Centro Histórico
“pouco” ou “nada” obteve de valorização de Salvador,
reverenciar sua
por parte da política revitalizado na
identidade cultural, década de 1990.
estatal que,
enquanto
devido a
algumas etapas
interesses
do Programa
prosseguem.
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Programa monumenta – IPhan