Page 41 - Teatros de Lisboa
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Teatro de Thalia ou Teatro das Laranjeiras


                     O Conde de Farrobo tinha enorme paixão pela muzica. Tocava perfeitamente violoncello e contrabaixo e
               er a eximio em trompa. Tinha sempre em casa uma banda de musica, formada pelos seus criados, aos quaes
               mandava ensinar qualquer instrumento, para o que tinha um mestre contractado.» in “Diccionario do Theatro
               Portuguez” de Souza Bastos.




































                                           Joaquim Pedro Quintella de Farrobo (1801-1869)

                     Para  ilustrar  grande parte deste artigo, vou transcrever excertos do XIV capítulo do livro  “Lisboa
               d’Outros Tempos - I Figuras e Scenas Antigas”, de Pinto de Carvalho (Tinop), editado pela “Livraria de António
               Maria Pereira”, em 1898,  intitulado “As Festas do Farrobo”.

                     «O theatro Farrobo começára em 1820 n’um palco improvisado no palacio das Laranjeiras, no qual,. de
               1825 a 1827, se cantou opera. Em 1833 recomeçavam as recitas nas Laranjeiras. Depois de 1820 lançaram-
               se os fundamentos d’um theatro, que foi reedificado em 1843, por occasião da grande festa offerecida á rainha
               D.  Maria II, e que veiu ainda a soffrer bastantes alterações. Theatro e  palacio  foram illuminados a gaz em
               1830, vinte annos antes de Lisboa o ser por esse meio.

                     Garrett ensaiou muitas vezes, mas, ultimamente, o ensaiador habitual era o grande actor Izidoro, que,
               por vezes, tomou parte  no desempenho, e  que  o Farrobo convidara para aquelle cargo, propenso, como
               sempre foi, a proteger  a arte e  os artistas. Os scenographos eram : o  professor Fonseca, o  Rambois, e o
               Cinatli, que viera para aqui em 1836, escripturado para S. Carlos, pela empreza d’Antonio Lodi. Cinatti casou
               em 1837 com  Maria Rivolta, d’uma familia milaneza residente em Lisboa, e associou-se a Rambois, que,
               desde 1834, se encontrava entre nós. Cinatti  e Rambois constituiram uma firma artistica, cujos magistraes
               productos scenicos foram admirados por tres gerações nos palcos de S. Carlos e de D. Maria. A collaboração
               desses dois artistas  produziu,  durante  quarenta  e dois  annos, mais de seiscentos scenarios.  Alguns
               notabilisaram-se.

                     Que esplendorosas festas se deram  na  quinta  das  Laranjeiras, por elegantes noites de  inverno, nas
               quaes - ao mesmo tempo que as serpenteantes caudas casquinavam risadas de seda nos passos elásticos
               das quadrilhas - a orchestra da sala misturava suas sonoridades às notas doloridas arrancadas por Eolo ás


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