Page 65 - Teatros de Lisboa
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Teatro da Trindade
Eduardo Brazão, Leoni, Bayard, Lima, Queiroz, entre outros. Nos meses que se seguiram, de consolidação de
elenco e de equipa, foi assinalável o êxito do espetáculo “As Pupilas do sr. Reitor”, adaptação por Ernesto
Biester do romance de Júlio Dinis, onde brilharam Rosa Damasceno e Brazão. Mas foi com a aposta na
opereta que Francisco Palha encontrou a verdadeira fonte de sucessos do “Theatro da Trindade”. A opereta
“O Barba Azul”, estreado a 13 de Junho de 1868, ficou em cena durante meses e revelou o talento de Ana
Pereira, - do elenco da companhia “Sociedade do Theatro da Trindade” -, que nos anos seguintes ali brilhou,
«fadada para as cenas de capricho, de gracejo, e de fantasia (...), a actriz do repertório de Offenbach».
A 22 de Janeiro de 1921 o proprietário Serrão Franco, vendeu o “Teatro da Trindade”, por 350 contos, à
“Anglo-Portuguese Telephone Company”, que ali instalaria os seus escritórios. O “Salão da Trindade”, palco
de eventos como a palestra de Serpa Pinto sobre as colónias em 1879, a apresentação do fonógrafo de
Edison em 1879, a conferência dos exploradores Hermengildo Capelo e Roberto Ivens, à qual assistiu a
Família Real em 1880, foi totalmente demolido. Sabendo que a nova empresa proprietária necessitaria apenas
do espaço do Salão e anexos, o empresário José Loureiro propôs a aquisição da parte do teatro, que foi
aceite. Como tal, em 9 de Novembro de 1923 o “Teatro da Trindade” foi vendido a José Loureiro pela quantia
de dez mil libras esterlinas e foram iniciadas as obras de remodelação do interior do edifício, dirigidas pelo
engenheiro Alexandre Soares - data desta altura o famoso frontão com a Trindade, da autoria de Leopoldo de
Almeida, que ainda hoje encima o proscénio
Reabriu em 5 de Fevereiro de 1924, com a peça de Eduardo Schwalbach "Fogo Sagrado". Nele foram
apresentados espetáculos de teatro declamado e teatro musicado, fantasias, óperas e dramas, mas foi com a
opereta que fez mais sucesso e atraiu um público fiel. Acolheu companhias fulcrais da cultura portuguesa,
como a “Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro”, a “Companhia Portuguesa de Ópera”, “Os Comediantes de
Lisboa” ou o “Teatro Nacional Popular”, além das sessões de animatógrafo e cinema, que ajudaram a
ultrapassar períodos de crise financeira.
O "Teatro da Trindade" representa um modelo arquitectónico de Teatros oitocentista à italiana, que
resistiu à especulação imobiliária, às novas centralidades urbanas e até à menor adequação da estrutura de
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