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Teatro da Trindade


               camarotes à exploração cinematográfica: pelo contrário - o cinema é exibido pela primeira vez no Trindade em
               1913 e nos anos 30 e 40 do século XX, sob a designação de "Cine-Teatro da Trindade", depois ser equipado
               com um moderno sistema de projecção de cinema em 1938, torna-o também numa sala de cinema. Assistiu-
               se lá a um certo surto de estreias de filmes portugueses, com destaque para o excelente “Amor de Perdição”,
               de António Lopes Ribeiro (1943) estreia de Carmen Dolores.
























































                     Em 1940, outro projecto teve estreia no “Teatro da Trindade”: os “Bailados Portugueses Verde Gaio”,
               companhia de dança impulsionada por António Ferro, na altura Diretor do “SPN - Secretariado de Propaganda
               Nacional”. A reação do público foi fraca, sobretudo em comparação com o sucesso que tiveram, pouco tempo
               depois, “Os Comediantes de Lisboa”, companhia dos irmãos Francisco Ribeiro (Ribeirinho) e António Lopes
               Ribeiro. Estiveram no Trindade entre 1944 e 1947, apresentando temporadas brilhantes apenas equiparadas,
               alguns anos depois, pelo “Teatro d’Arte de Lisboa” (em 1955-56) e o “Teatro Nacional Popular”, (entre 1957 e
               1960) - este último responsável, a 18 de Abril de 1959, pela primeira encenação de Beckett em Portugal, com
               “À Espera de Godot”.

                     Lembro que Eça de Queirós , em “Os Maias“ coloca no Trindade o longo “sarau de beneficência” de
               onde saem, ao fim da noite João da Ega e o sr. Guimarães - e daí decorre, como sabemos, o desenlace do
               tragédia do incesto, com a revelação de cartas onde se demonstra que Maria Eduarda é irmã de Carlos da


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