Page 78 - O Que Faz o Brasil Brasil
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pessoa,  assim,  são uma  só pessoa moral. E essa pessoa é “comida”

                  simbolicamente por todos, num ato pleno de comunhão e de divisão física
                  que vem cimentar  ritualmente os elos sociais entre aniversariante e

                  convidados.

                         De interesse aqui é indicar que as pessoas estão todas distribuídas ao

                  longo desse centro que, ao contrário do carnaval (onde o mundo é

                  fragmentado e descentralizado, e muita coisa ocorre ao mesmo tempo),
                  possui  um  sincronismo, uma coordenação com o evento central. Isto é,

                  tudo acontece de modo  orquestrado e em equilíbrio com o evento

                  centralizador de todas as atenções. Assim, enquanto não se pode jamais
                  chegar atrasado a uma festa carnavalesca, pois o evento começa

                  quando se chega, nos ritos da ordem se corre sempre o risco dessa

                  perda. Isso prova que tais solenidades talvez sejam mais legitimadoras

                  do que simplesmente comemorativas, donde  a  importância  da

                  presença e da atenção de todos a seus eventos centrais.
                         Tudo isso nos fala de um ritmo social, um movimento que

                  indica algo como um oscilar entre forma e conteúdo, centro  e

                  periferia, continência física e excesso. Como o tique-taque  de um
                  relógio, ou a batida de um coração, ou o bumbo de carnaval, ou as

                  máscaras que são postas e tiradas  na revelação de que os homens

                  vivem entre as coisas. Eternos ritualizados, sempre passageiros...
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