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em geral na forma de uma bela, se não contundente, dramatização

                  da  hierarquia e da autoridade. Daí por que, nas procissões, o povo
                  força a corda para passar para o lado das autoridades e para perto

                  do santo. De fato,  “pular a corda” ou passar por ela significa,  nesse

                  contexto simbólico, uma mudança significativa de posição social.

                         Se     os    ritos    da     desordem        promovem          temporárias

                  desconstruções ou re-arrumações sociais, os ritos da ordem marcam
                  de forma taxativa quem é ator e quem é espectador. Aqui não há a

                  menor possibilidade de trocar de lugar, exceto —  é  claro  —  pela

                  quebra do protocolo. E realmente a palavra protocolo  revela  esse

                  código rígido que todos devem seguir para  que  o  cerimonial  possa

                  “dar certo”. Ou seja: para que  o  ritual possa ser um momento
                  coerente de ordem perfeita e sem aquelas dissonâncias que o

                  mundo diário é mestre em nos apresentar. É, justamente, esse resgate

                  da ordem que tais rituais pretendem realizar por meio dessas

                  dramatizações.
                         Daí, certamente, a associação entre cerimonial e poder. É que

                  o ritual reveste o poder, dando-lhe uma forma exterior solene e

                  legítima. De modo que todos os  rituais sempre assumem a forma

                  básica de um desfile, procissão  ou parada militar  —  formas de
                  apresentação social desinibida e exuberante, onde  as  corporações

                  que passam e se apresentam revelam-se em todo o seu esplendor ou

                  miséria. No Brasil, significativamente, usamos a palavra desfile para o

                  caso do carnaval, parada para as comemorações cívicas ligadas à
                  nossa Independência e procissão para as festividades religiosas. Todas

                  elas têm sempre um ponto de partida formalizado e preestabelecido

                  e um ponto de chegada igualmente fixado. Nas procissões,  como

                  nas paradas militares, a partida é  um centro físico e social de
                  autoridade e poder religioso ou militar: uma igreja ou quartel. Seu

                  roteiro, por outro lado, marca uma área onde se sacraliza um dado

                  espaço da cidade que, por isso mesmo, acaba se tornando nobre ou
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