Page 19 - Jose Morais Autobiography Book 1
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Quando vivíamos em Portugal em dia de casamento
Eu e o meu irmão Abel compramos uma empresa de produtos alimentares,
chamada “Armazéns Mário Delgado e Irmãos”, que fornecia todo o comércio
retalhista e mercearias da zona. Compramos também a fábrica “Refrigerantes
Tâmega”, uma indústria de refrigerantes que fornecia o norte de Portugal.
Recordo que a ilusão por nós alimentada acabou por se virar contra nós. Foi com
pena que pudemos verificar que Portugal continuava um país provinciano, pouco
desenvolvido, com uma burocracia pesadíssima, pouco favorável à criação de
novas infraestruturas e avessa ao empreendedorismo.
Por outro lado, vivemos o síndrome do emigrante regressado. Quanto voltamos a
Portugal, não fomos tratados como portugueses, nascidos em Portugal, com todos
os direitos dos cidadãos nacionais. Trataram-nos como emigrantes, ou seja, nas
instituições éramos vistos como portugueses de 2ª categoria, uns coitados que
tinham partido para o estrangeiro famintos. O que, graças a Deus, nunca foi o
nosso caso. Comida nunca faltou na nossa casa e trabalho também não. Partimos
pelas circunstâncias da vida e movidos pelo sonho de podermos alcançar novos
mundos e novas oportunidades para nós e para os nossos filhos.
Na pátria, confrontamo-nos com imensas dificuldades na abertura da fábrica, na
laboração e comercialização dos produtos. Os industriais que se encontravam no