Page 17 - Jose Morais Autobiography Book 1
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devolver o cheiro normal. Esta é uma história que ainda hoje nos faz rir quando
                  dela falamos.

                  A minha mulher, durante a nossa permanência em Long Island, que demorou uns
                  oito  anos,  trabalhou numa fábrica de  roupas,  tomava  conta das filhas e dos
                  familiares que viviam connosco. Foi uma mulher que muito trabalhou para todos
                  nós termos uma vida digna. Reconhecido, agradeço-lhe tudo o fez por mim e pela
                  minha família.
                  Perante a crise que se abateu nos EUA, nos finais da década de 70, a nossa vida
                  deu uma reviravolta. Não havia gasolina para mandarmos o  pessoal das obras
                  trabalhar. Por vezes, ficávamos duas a três horas na filha para pôr combustível
                  nos carros da construtora. Ora,  nestas condições, o rendimento  baixou imenso.
                  Por outro lado, éramos muitos  a depender da  mesma  atividade. Ficamos  em
                  dificuldade e, como  éramos muito novos, não sabíamos como superar os
                  problemas. Aqui está um bom exemplo de como a América não é só uma terra de
                  sonhos.  Também passamos por dificuldades  de  não saber como pagar as
                  despesas do dia a dia. Se não fosse a Josefina e familiares que nos amparam,
                  tudo teria sido mais difícil para nós.
                  Felizmente, fomos aconselhados por amigos a desenvolvermos a nossa atividade
                  em Maryland e depois em Virginia. Nestes estados, havia mais trabalho devido à
                  proximidade com Washington DC, onde há  sempre gente com muito dinheiro  a
                  querer construir casas, edifícios,  etc. A crise quando se abate na área  da
                  construção civil nos EUA é sempre  mais leve na área  metropolitana  de
                  Washington DC.
                  Desta vez, toda a família partiu para Maryland e, mais tarde, para a Virgínia. As
                  mudanças nunca são  fáceis, mas esta  foi a  melhor mudança  de sempre. Em
                  Virgínia ainda vivemos com as nossas filhas e com outros familiares.
                  Eu e o meu irmão Abel pensamos em criar uma Sociedade na área da construção
                  civil. Éramos uma  dupla perfeita: ele tinha os estudos  feitos  em Portugal e eu
                  gostava do trabalho  no terreno. Os negócios começaram  a crescer. Passados
                  alguns anos, decidimos os dois regressar a Portugal, onde viviam os nossos pais.
                  Vendemos o negócio a dois irmãos mais novos e partimos em direção a Curalha.



                                              O REGRESSO A PORTUGAL


                  Viemos para Portugal em  1979, realizando o sonho  de  todos os emigrantes  –
                  regressar à sua terra natal.  Por essa  altura, o nosso país vivia dias de grande
                  euforia. A Revolução  dos Cravos, em Abril  de 1974, que pôs  fim à ditadura  de
                  Salazar e de Marcelo Caetano, prometia a liberdade e mais e melhores condições
                  de vida. Perante este novo mundo, eu e o meu irmão Abel acreditamos que, no
                  nosso país, oportunidades profissionais interessantes e qualidade de vida para as
                  nossas famílias nos aguardavam. Tanto eu como o meu irmão Abel já tínhamos 3
                  filhos cada um.
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