Page 187 - CURSO COMPLETO DE DIREITO AGRÁRIO, Silvia C. B. Opitz e Oswaldo Opitz, Ed. Saraiva, 7ª ed., 2013
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CURSO COMPLETO DE DIREITO AGRÁRIO, Silvia C. B. Opitz e Oswaldo Opitz, Ed. Saraiva, 7ª ed., 2013



          pela perfeição técnica e pelo grande volume de arroz a beneficiar permitiriam um
          beneficiamento perfeito por preços baixos, e mesmo poderiam aplicar-se à insta-
          lação de secadores.

             Vantagens de ordem econômica
             O desenvolvimento econômico da lavoura de arroz é consequência principal-
          mente das medidas de caráter técnico no sentido de melhorar e baratear a produção,
          sendo este o fim a que deve tender todo produtor.
             A concentração de grandes quantidades de mercadorias, em determinadas re-
          giões,  facilita  mais  os  negócios,  por haver maior possbilidade de  contato entre
          compradores e produtores. Por outro lado a organização de cooperativas ou sindi-
          catos de produtores toma-se fácil, não só pela proximidade destes, mas principal-
          mente por receberem a água de uma empresa comum, tal como acontece nas zonas
          irrigadas por empresas na maioria dos países.
             A união dos produtores tende a aumentar-lhes a margem de lucros, por poderem
          vender melhor e executarem os trabalhos com menor despesa. Pela maior margem
          de lucro da produção, o enriquecimento não seria só dos produtores, mas da região
          e do país em geral, pois estes, pelas suas compras, distribuiriam mais a riqueza e,
          pelos depósitos de suas economias em bancos e caixas econômicas, contribuiriam
          para a formação de grandes capitais, de que tanto precisa o nosso país.
             A construção no porto de embarque, ou nas estações de estrada de ferro,  de
          armazéns gerais, negociando warrants, facilitaria muito o comércio, assim como
          as operações de crédito aos agricultores.
             Aproveitando  a  água no  seu  declive  natural,  suprimiriam as  empresas de
          irrigação o grande ônus que é a levante das águas por máquinas, quer queimando
          lenha,  quer óleo cru.  Contribuiriam assim  para maior conservação dos  matos
          naturais, diminuindo ao mesmo tempo as grandes plantações de eucaliptos, que
          atualmente  ocupam grandes  áreas,  podendo  estas  serem  ocupadas  então  por
          campos ou outras culturas.
             Como a água por declive natural sempre sai mais barata do que a elevada por
          máquinas, as empresas poderiam vendê-la por um preço baixo, contribuindo deste
          modo para a maior resistência econômica da lavoura rizícola.
             Vantagens de ordem social
             A concentração de uma população próspera numa região, servida de bons meios
          de  transporte,  traz  o  desenvolvimento das  relações  sociais  em clubes,  grêmios,
          entidades de classe etc. Facilita a criação de escolas, hospitais e assistência espiri-
          tual. Em outras palavras, permite valorizar o homem pela melhor educação física,
          intelectual, técnica e moral.

          38. A irrigação no Rio Grande do Sul. A irrigação particular
             No Rio Grande do Sul, as condições topográficas, assim como a constituição
          dos  solos,  nas  regiões  rizícolas,  são muito favoráveis  para o estabelecimento de
          grandes empresas, tanto particulares como estatais, bem como para a construção de
          canais. Sendo assim tão favoráveis as condições, é claro que essas empresas exigiriam
          pouco capital para a execução das obras de irrigação em relação à superfície irrigada.
             Prova disso é a crescente construção de açudes, para irrigação por declive, em
          substituição por levante, das nossas lavouras de arroz. Alguns desses açudes são de


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