Page 43 - Revista PSIQUE Ciência e Vida
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Um coração que
PULSA e POSTA
Em tempos atuais, não há dúvidas de que as
experiências advindas com a internet, e especialmente
com as redes sociais, impactaram nosso imaginário
acerca do amar e influenciaram a forma como nos
relacionamos socialmente
Por Thiago Domingues
nquanto experimentamos a velocidade
das transformações, pausas são
necessárias para a compreensão do
Ecaminho das necessidades daquilo que
chamamos de progresso não ser subentendido
como um caminho a ser percorrido a qualquer
custo. Se hoje nos encontramos na chamada
“sociedade liquida”, espécie de termo guarda-
chuva para definir o tempo presente e de onde
repousam fenômenos de profundas mudanças no
comportamento humano, dentre eles um impulso
Thiago Domingues é generalizado de precarização e velocidade,
psicólogo junguiano,
professor de orientação ausência de senso de proposito, inconsistência e
vocacional, atualização efemeridade nas relações (o famoso “nada foi feito
profissional em para durar”), não seria exagero perguntarmos:
transtorno ansioso
e depressivo. o que podemos sentir enquanto efeito colateral
Especialista em Filosofia dessa “revolução antropológica” em termos de
Contemporânea relacionamento interpessoal? Como interpretar as
e História. Tem
treinamento profissional novas necessidades do amar em tempos digitais?
avançado em Integral Adiantamos ao leitor amigo que neste
Somatic Psychology curto artigo não conseguiremos dar conta
(ISP). É practitioner
Emotional Freedom dessas perguntas. É muito provável que outras
Techniques (EFT). perguntas surjam no processo. Ao tratar de
Atende em consultório um fenômeno tão múltiplo e potencialmente
e coordena grupos de dimensionável como relacionamento virtual e,
estudos e supervisão
clínica. Thiago. tampouco, sobre a infidelidade, seja ela dada
cdomingues@gmail.com no meio virtual também. Não nos colocaremos
na posição (delicada) de projetar o impacto ou
formular efeitos deterministas nos processos
imaginativos e sociais.
Como Sísifo e sua pedra, evoluímos para
nos aproximar dessas perguntas continuam
a escorregar montanha abaixo, escapando de
certezas que tendem a substituir a realidade.
Convidamos o leitor a ver o fenômeno do
relacionamento virtual a partir de outros olhos
e com isso relativizar a centralidade que damos
a este e tantos outros hábitos “emergentes” da
cibercultura, inaugurando olhares e perspectivas
para uma possível apropriação com o real e o
desejo pulsante de alcançar a vida em toda sua
riqueza e múltiplas perspectivas.
PSIǪUE Março 2019 - Ano 12