Page 11 - ASAS PARA O BRASIL
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Foi neste bairro que o filme “L’Homme de Rio” com Jean Paul Belmondo
foi gravado alguns anos mais tarde, em 1964.
Naquela época, eu soube também às minhas custas que tentei imitar o
Tarzan pendurado na cortina e pulando pela janela sem ter pensado em
abri-la. Ainda carrego no braço direito longas cicatrizes e, anos depois do
acidente, pedaços de vidro saíram para lembrar o meu desempenho
acrobático.
Sem cipós, caros ao autor de Tarzan, eu cavalguei em cima dos joelhos do
meu avô, um homem impressionante do qual soube ao crescer, que ele
tinha sido o fundador da companhia de aviação Aéropostale.
A notável epopeia destes pilotos intrépidos se tornou uma fábrica de
sonhos para várias gerações de pessoas do mundo inteiro, através da
história do “Pequeno Príncipe” e mais tarde, das outras obras de Saint-
Exupéry, e do papel interpretado por Pierre Fresnais no filme “le Grand
Balcon”.
Mas o sonho nem sempre é negociável e meu avô, a quem Jean
Mermoz ensinou a voar – quando essa palavra significava outra coisa que
o simples fato de saber fazer voar uma máquina arriscada – morreu
esquecido da França, no Hotel Natal no Rio de Janeiro em 2 de fevereiro
de 1944.
Este visionário teria sem dúvidas esboçado um sorriso de satisfação ao ver
seu nome escrito entre os mais famosos como os de Jean Mermoz, Paul
Vachet, Saint-Exupéry na História da Aviação Mundial (top 100) do século
XX.
Marcel Bouilloux-Lafont