Page 38 - ASAS PARA O BRASIL
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O divórcio foi uma formalidade; ela tinha deixado o lar conjugal num
comum acordo. Foi um “gentleman agreement”: eu lhe cedia uma casa
perto de Marbella, na Espanha.
Nos vimos várias vezes não sem um certo sentimento de fracasso razoável,
mas sem rancor. Ela seguiu a sua vida sem dar mais notícias. Eu espero que
ela esteja feliz.
CAPÍTULO IV
Retomo asas civis
Após o meu serviço militar, eu reintegrei a Air France com um salário
miserável. Eu tinha uma tia chamada Germaine, irmã da minha mãe; uma
verdadeira devota que apesar de ser pouco complacente por natureza, tinha
topado me alugar um quartinho de empregada no sexto andar do seu
prédio. Ela tinha supostamente um espírito de família.
Seu imenso apartamento com muitos quartos estava desocupado; seus
filhos já estavam casados e tinham deixado o lugar há muito tempo.
Era a sua caridade cristã!
Esse quarto, minúsculo, não mediu mais de oito metros quadrados com um
banheiro comunitário no final do corredor.
Durante as manhãs de inverno, ao despertar, eu tinha frio apesar de
um pequeno aquecedor elétrico e de muitos cobertores; os vidros da janela
estavam brancos devido às camadas de gelo. Felizmente, eu fiquei em
contato com amigos como o Bertrand, amigo dos tempos de serviço militar
em Dacar, e que me ajudou a superar as minhas dificuldades passageiras.
Bertrand e eu passávamos fins de semana inteiros a fazer reconhecimentos
de corridas de automóveis na sua DB Panhard.
Nas competições, o meu peso e minha
corpulência constituíam uma
verdadeira deficiência para o
desempenho deste carro de poucas
cilindradas.
Eu deixei a Air France e a Avenida
Champs Élysées para integrar uma pequena agência de viagens na Rua
Boudreau e que mais tarde foi transferida para a Rua Royale no bairro
Madeleine.