Page 40 - ASAS PARA O BRASIL
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As trinta e cinco horas semanais legais de serviço ainda não existiam e as
                  horas extras não eram pagas.

                  Muitos artistas de cinema e celebridades vinham buscar as passagens na
                  agência  ou  trocá-las  em  horários  incomuns.  A  noção  de  qualidade  do

                  serviço era a prioridade, tínhamos que estar disposição do cliente.

                  Alguns  presidentes  de  sociedades  importantes  não  hesitavam  em
                  convocar-me no seu escritório para organizar as viagens complicadas; os
                  computadores ainda eram raros e a internet ainda não existia.


                  Durante  os  eventos  de  maio  de  1968,  eu  nunca  trabalhei  tanto;  aviões
                  privados eram fretados por certas empresas com as suas contabilidades.
                  Tínhamos que saber ser discretos também.

                  Um dia, uma bela e charmosa dama me esperava na saída da agência com
                  a intenção de me fazer revelar o nome da pessoa que tinha viajado com o

                  seu  marido.  Foi  penoso  ver  esta  mulher  me  implorar,  e  até  chorar;  ela
                  buscava provas para preparar o seu divórcio contra o seu marido infiel.

                  A  diplomacia  era  essencial  para  evitar  os  escândalos  neste  mundo  de
                  viajantes de “classe alta, notáveis da sociedade parisiense”; era oprimente
                  algumas  vezes  para  nós,  e  estas  situações  eram  complicadas  de
                  administrar.


                         Passávamos muito tempo ao telefone respondendo às chamadas; em
                  um só dia cheguei a receber mais de cento e vinte ligações; a frequência das
                  chamadas dependia também das horas e dos dias da semana.

                  Foi após este longo aprendizado que eu descobri que era apto a organizar
                  viagens de grupos, principalmente para o exterior.


                  Durante  esse  período,  as  “Viagens  Daro”  tinham  se  tornado  uma
                  importante rede de agências.

                  Eu pude assim criar aos poucos um serviço, “grupos”, principalmente no
                  segmento  de  congressos  e  Conferências  Internacionais  e  de  viagens

                  motivacionais (incentivo) e missões econômicas.

                  Tínhamos que organizar toda a logística, as estruturas de acolhimento em
                  diferentes  países  o  que  era  particularmente  interessante  tanto  pela  sua
                  concepção quanto pelo aspecto financeiro.

                  Cuidar de centenas de pessoas é uma dimensão muito mais complexa, mais

                  difícil do que cuidar de uma só.
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