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Num jardim calmo e sereno



                        Há muitos, muitos anos atrás, num jardim calmo e sereno onde tudo parecia ser mágico, viviam com as
                  suas famílias vários animais de diferentes espécies. Por vezes, estas famílias partilhavam a mesma morada
                  com outras famílias.

                        Neste jardim, todos os animais se davam bem e também se ajudavam uns aos outros, sempre sem se
                  acharem superiores, pois, para eles, todos eram iguais, mesmo sendo alguns mais fortes e maiores.
                        Numa das árvores daquele jardim, viviam vários animais, cada um na sua casa.

                        Numa das casas, viviam um passarinho e os seus filhos. Todos lhe chamavam Amigo, por ser essa a
                  sua melhor virtude. Amigo lembrava todos os dias aos seus filhos a importância de se respeitarem os outros e
                  ensinava-lhes regras práticas para saberem viver em comunidade. Por ser muito responsável e respeitador, ele
                  era o representante nomeado por todos os animais para dar as boas-vindas a qualquer família que viesse
                  instalar-se naquela quinta.

                        Amigo sabia que uma das casas que ficava ao lado da sua estava vazia e que, a qualquer momento,
                  podia instalar-se ali uma família. Claro que ele estava a postos para, a qualquer momento, ter de receber uma
                  nova família que chegasse àquele jardim e dizer-lhe os direitos, deveres e leis que teria de respeitar.

                        Isso aconteceu precisamente naquele final de tarde. Ouviu o burburinho, foi espreitar e viu uma família
                  de morcegos que se preparava para se instalar na casa do lado. Rapidamente, Amigo, com o seu ar simpático,
                  foi ter com eles para os receber.
                        -Bom dia! Vocês são os novos moradores desta casa?- perguntou ela.
                        -Não está a ver que sim?- respondeu o morcego, com ar rude.

                        O pássaro ficou estupefacto. Nunca tinha sido tratado assim. Num tom sério, mas agradável, perguntou:
                        -Há algum problema, senhor? Incomodei-o de alguma forma?
                        -Se vem aqui só para dizer só isso, pode ir-se embora. – respondeu o morcego, começando a fechar a

                  porta.
                        -Não, não vim aqui só para dizer isto. Vim aqui para informar que neste jardim existem direitos, deveres,
                  leis e que todos temos de nos respeitar uns aos outros. Temos de nos ajudar e de nos proteger. – informou a
                  pequena ave, num tom calmo, mas determinado. E acrescentou – E se não pretendem fazer isso, ponham os
                  trapinhos na mala e voltem para o lugar de onde vieram. Caso contrário, fiquem e sejam bem-vindos. – disse.

                        Depois, despediu-se e retomou o caminho de casa, que era no mesmo ramo, lado a lado.
                        Ainda ouviu o morcego, que dizia, de forma grosseira:
                        -Pois, mas quer saber uma coisa? Eu e a minha família somos superiores a vocês, temos outra classe e

                  não precisamos dessas estúpidas leis, deveres e direitos…e muito menos da vossa ajuda.
                        Os dias foram passando e aparentemente os morcegos tinham decidido ficar. O ambiente à sua volta
                  era pouco agradável, pois eles nada faziam para mudar a sua atitude: não cumprimentavam ninguém, faziam
                  barulhos estranhos fora de horas… Em suma, continuaram a agir como se fossem superiores, sem nunca
                  ajudarem ninguém e sem aceitarem ajuda.





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