Page 35 - Nos_os_bichos
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O tempo foi passando. No jardim, o ambiente era de festa e de grande cumplicidade entre todos. Os
morcegos estranhavam o que viam: todos amigos? Como é que isso é possível? E desdenhavam, orgulhosos.
Mas ainda não tinha acontecido o pior, algo que fez com que aquela família percebesse a importância
de saber viver em comunidade.
Aconteceu num final de tarde, já nos restinhos do outono…O vento era frio e as nuvens ameaçavam
chuva. Eis senão quando, surgiu uma grande e súbita tempestade, que destruiu todo o jardim.
Os animais estavam preparados para estas tempestades, pois tinham uma gruta que funcionava como
abrigo para todos.
Foi assim que esta família de morcegos não encontrou outra solução senão
pedir ajuda aos outros animais. E tiveram sorte, pois eles deram-lhe abrigo, o que
muito os espantou.
A partir desse dia, mudaram a sua atitude, pediram desculpas a todos e, com
tempo, os morcegos tornaram-se uma das famílias mais dedicadas e amigas
daquela comunidade.
Ana Costa
A caça da Rosinha
Vivia perto de uma floresta uma raposa cujo nome era Rosinha. A Rosinha tinha duas pequenas crias, o
Pardo e a Orelha Branca. Já há alguns dias que esta família não tinha alimento, então a progenitora disse para
os seus filhos:
- Como não comemos há vários dias, vou ter que ir procurar comida. Não se preocupem. Já volto!
Não muito longe dali, havia uma pequena quinta, onde se criavam galinhas e patos. A raposa Rosinha
sentiu o cheiro dos animais e decidiu espreitar em busca de uma oportunidade para caçar as tais galinhas.
Esfomeada, a raposa disse para si:
- Hum, que cheirinho! Acho que já vou ter um belo jantar!
Nisto, subiu uma rede (a quinta tinha uma vedação em rede) e entrou para dentro da fazenda. Andou um
pouco a procurar até que, já à noitinha, encontrou umas galinhas. Estas, já com os olhos fechados, não
escaparam ao ataque fatal da raposa.
Com doze galinhas já mortas, era tempo de as levar para comer! A Rosinha, com todas as suas forças,
tentou transportar os animais mortos para fora da quinta, mas sem sucesso. Tentou uma, tentou duas, e nada,
não conseguia carregar as galinhas para o outro lado da cerca. Então, disse, enervada com a situação:
- Não consigo! E agora? Como vou eu fazer para alimentar os meus bebés?
A raposa estava desiludida, pois, apesar de ter matado uma dúzia de animais inocentes como ela não
conseguiria alimentar os seus esfomeados filhos. Desanimada, voltou para a sua casa e explicou o
acontecimento com tristeza.
No dia seguinte, a agricultora, proprietária da quinta, fez a sua rotina: ir ter com os seus animais e dar-
lhes comida. Qual não foi o seu espanto, quando chegou junto da capoeira das galinhas e viu um monte de
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