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António, o leão



                        Numa selva não muito distante, vivia um leão chamado António. Era um animal muito ambicioso e muito
                  competitivo. Ele gostava de ter tudo, mesmo que, para isso, tivesse de ultrapassar e de rebaixar os outros.
                  Quando confrontado com alguma situação menos vulgar, fazia de tudo para ficar vitorioso. Foi o que aconteceu

                  nesse dia:
                         - Olá, António! Está tudo bem contigo?- perguntou a Cristiana.
                         Cristiana era uma doninha muito sociável, que interagia facilmente com todos, embora não se deixasse

                  enganar por qualquer um.
                         -O que é que queres?- questionou António, sem responder à pergunta anteriormente feita por Cristiana.
                                                           -Não falei mal para ti, por isso não tens de falar mal para
                                                    mim.- disse ela calmamente - De qualquer forma, o que eu queria
                                                    era saber se querias ir jogar xadrez.

                                                           -Sim, pode ser, em todo o caso já sei que vais perder, pois
                                                    eu sou muito melhor do que tu. - respondeu ele, como se fosse um
                                                    campeão olímpico deste complexo jogo de tabuleiro.

                                                           A doninha encolheu os ombros. Na verdade só queria um
                                                    parceiro para jogar, para quê perder tempo a responder-lhe.
                                                          Daí a pouco, começou o jogo. Os animais das redondezas,
                                                    sem  nada  para  fazerem  àquela  hora  da  sesta,  foram-se
                                                    aproximando para ver quem seria o vencedor. Xadrez era um jogo

                  difícil, que exigia muita paciência e perspicácia, características que não faltavam à doninha; mas o leão também
                  não era nada burro e, sobretudo, detestava perder!
                        Durante o jogo, António fez de tudo para ganhar. Cavalos para um lado, peões para o outro, mas o

                  empate era quase certo, até que ela o distraiu com uma movimentação inesperada de um bispo e, com uma
                  jogada infalível, xeque-mate! A doninha saiu vitoriosa.
                        Nesse momento, todos os olhares se viraram para o leão António, que se fez de mil cores, com ar de
                  quem não acreditava no que tinha acabado de acontecer. Na verdade, ele receava que a doninha o gozasse e
                  o humilhasse por ele ter perdido. Mas ela limitou-se a estender-lhe a pata e, com ar simpático, cumprimentou-o,

                  dizendo “Bom jogo! Temos que repetir!”. António estava atónito. Ela não o humilhara, pelo contrário, tinha
                  acabado de o cumprimentar. Ai se tivesse sido ele…
                        Mais tarde, já em casa, o leão refletiu muito. Nesse dia, tomou uma decisão muito importante: deixaria

                  de maltratar e de rebaixar os outros.
                                                                                              Diana Lopes









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