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Unidade I




             Nas frases ii, temos deslocamento de um dos constituintes para o início da frase. Na frase ii do Grupo
          A, o constituinte “Como administrador” é destacado para dar ênfase ao papel do profissional; na frase ii
          do Grupo B, o constituinte “Nos últimos anos”, porque, para o autor, a noção de tempo é a informação
          mais importante; por fim, na frase ii do Grupo C, o constituinte “Na América Central” é destacado para
          dar destaque ao local reprimido politicamente. Todos os constituintes deslocados assumiriam posição
          no final da frase se não houvesse o deslocamento.


             Dependendo do contexto e do conhecimento sintático, o produtor do texto faz escolhas e segue
          a ordem direta ou faz inversão. No texto jornalístico, em especial notícia, a ordem direta torna-se
          praticamente uma obrigação, recomendação clara no Manual de redação do jornal O Estado de S. Paulo.
          Nas orientações gerais, o jornalista encontra:


                                         4 - Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais
                                         facilmente o leitor à essência da notícia. Dispense os detalhes irrelevantes e
                                         vá diretamente ao que interessa, sem rodeios (MARTINS, 2001)


             O jornalista, então, precisa saber qual é a ordem direta – SVC, bem como os constituintes da
          frase que funcionam como sujeito, verbo e complemento. Ele precisa, portanto, ter conhecimento
          sintático.


             Situação diferente é do autor de texto literário. O criador de poema, por exemplo, geralmente
          explora a ordem inversa como um recurso estilístico. Os leitores não conseguem entender o poema
          devido à dificuldade na identificação dos constituintes SVC. Às vezes, eles têm impressão de estar lendo
          “A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada”. Os poemas de Luis Vaz de Camões são exemplos
          clássicos:


             Transforma-se o amador na cousa amada,
             Por virtude do muito imaginar;
             Não tenho logo mais que desejar,
             Pois em mim tenho a parte desejada.


             Se nela está minha alma transformada,
             Que mais deseja o corpo de alcançar?
             Em si somente pode descansar,
 Revisão: Leandro - Diagramação: Léo  - 14/07/2011  Mas esta linda e pura semideia,
             Pois consigo tal alma está liada.



             Que, como o acidente em seu sujeito,
             Assim co’a alma minha se conforma,


             Está no pensamento como ideia;
             [E] o vivo e puro amor de que sou feito,




      74     Como matéria simples busca a forma.
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