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Capítulo 5

                    SAMARCO/VALE/BHP FUNDAçãO RENOVA: REPARAR,
                    RESTAURAR E RECONSTRUIR?

                           A barragem de rejeitos de Fundão, da mineradora Samarco, que
                           pertence à Vale e à empresa anglo-australiana BHP Billiton, lo-
                           calizada  em  Mariana  (MG),  rompeu  no  dia  5  de  novembro  de
                           2015. A onda atingiu a barragem de Santarém, situada à jusante
                           e galgou-a, alcançando as povoações de Bento Rodrigues e Barra
                           Longa nas margens no rio Gualaxo do Norte; passou pelo rio do
                           Carmo, atingiu o rio Doce e, após 16 dias percorrendo aproxima-
                           damente 660 km, alcançou o mar em 21 de novembro de 2016, em
                           Regência, Município de Linhares (ES) (ANA, 2015, s.p.).

                    É preciso considerar que:

                           Em função dos impactos na calha principal do Rio Doce, pode-se
                           destacar o prejuízo na agricultura de pequena propriedade fami-
                           liar. Isto acontece, pois, os produtores rurais nos municípios no
                           entorno da bacia hidrográfica do Rio Doce encontram dificulda-
                           des para manter a produção agrícola e pecuária devido à qualida-
                           de da água do rio (TORRES et al., 2017, p. 4).

                    A partir do desastre, surgiram inúmeros processos e implicações jurídicas
                    para determinar as ações que a mineradora Samarco e suas acionistas
                    Vale S.A. e BHP Billiton deveriam tomar a respeito dos impactos socioam-
                    bientais. Sendo assim,

                           Neste contexto de disputa judicial em torno da validade do acor-
                           do, surgiu a Fundação Renova com o objetivo de implantar e ge-
                           rir os programas de reparação, restauração e reconstrução das
                           regiões afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. Os
                           programas, previstos no TTAC, estão reunidos em dois módulos,
                           sendo um socioambiental e o outro socioeconômico (LEONAR-
                           DO et al., 2017, p. 94).
                    Dentro do módulo socioambiental, há um item específico que tratou da
                    criação de unidades de conservação, fato que reacendeu a angústia e a
                    preocupação dos moradores da vila, que além de sofrerem os impactos re-
                    lacionados diretamente ao processo de contaminação do rio e do mar, são




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