Page 93 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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minha  mudança  de  postura,  ele  se  aproximou  também  de  mim.
                Criamos  um  laço,  o  incentivei  e  o  ajudei  com  algumas  dicas  e
                macetes a passar em sua primeira prova de certificação Microsoft!

                Fiquei feliz pelo seu crescimento.
                     Então,  finalmente  recebi  a  ligação  que  tinha  esperado  desde
                meu  primeiro  dia  ali:  era  o  chefão  me  dizendo  que  eu  tinha
                finalizado meu trabalho por lá! Tinham contratado uma nova pessoa
                para esta função e ele precisava de mim agora em um novo projeto,
                voltando  a  atuar  como  antigamente.  Meu  ciclo  neste  cliente  se
                encerrava exatamente quando a lição tinha sido por mim assimilada.
                Incrível!  A  vida  não  para  de  surpreender,  com  seus  mistérios  e

                sabedoria...
                     Comoção geral na nossa área. As pessoas ficaram tristes pela
                despedida, mas ao mesmo tempo estavam felizes por mim ao me
                verem seguindo de novo o caminho que eu me sentia feliz em trilhar.
                Meu último dia foi inesquecível. Estava em paz, sensação de missão

                cumprida  após  mais  de  nove  meses  ali.  Vinha  todo  esbaforido,
                carregando  uma  impressora  enorme  por  um  corredor  estreito,
                quando passei por duas moças do departamento de Marketing. Ao
                passar, ouvi uma comentar com a outra:
                     - Tadinhos desse pessoal do help desk, né?
                     Não pensei duas vezes. Parei, dei ré e voltei até ela. Perguntei,
                sem alterar o tom de voz:

                     - Desculpa, mas o que foi que você disse?
                     Ela  ficou  super  constrangida!  Ao  ser  flagrada  por  mim  em  seu
                comentário,  achou  que  eu  tinha  voltado  para  brigar.  Gaguejou  e
                começou  a  se  desculpar  de  tudo  quanto  era  jeito.  Procurando
                acalmá-la, falei profundamente inspirado:
                     -  Fica  tranquila...  eu  entendo  perfeitamente  o  que  você  falou.

                Alguns  meses  atrás  eu  pensava  da  mesma  forma.  Para  mim,
                pessoas  “de  baixo”  eram  coitados.  Perdedores,  que  não  tinham
                conseguido ser alguém melhor na carreira e na vida. Tinha pena de
                quem  eu  considerasse  inferior  a  mim,  fazendo  seus  trabalhos
                humilhantes. Eu te entendo e está tudo bem. Mas vou te pedir um
                favorzão:  não  me  considere  um  coitadinho.  Não  sou  digno  de  dó,
                assim  como  ninguém  aqui  também  o  é.  Somos  todos  peças

                importantes de uma enorme engrenagem, que só funciona porque
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