Page 89 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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comecei a não estar bem fora dali também. Meus amigos notaram
                minha  mudança  de  humor.  Comecei  a  evitar  festas  e  eventos
                sociais, fui me fechando e me afastando. Estava triste..., mas ainda

                mais do que isso, estava ficando muito azedo.
                     Havia  passado  seis  meses  de  “martírio”  quando  resolvi  mudar
                algo nisso tudo. Não era justo que esta empresa me transformasse
                em uma pessoa que eu não era. Precisava resgatar aquele Rodrigo
                bem-humorado e feliz que eu já tinha sido. Era preciso fazer algo.
                Olhei  para  o  trabalho  sem  qualquer  perspectiva  de  melhoria  e
                resolvi  buscar  alguma  atividade  fora  dele  que  me  desse  algum
                alento. Depois de refletir um tempo, pensei comigo que seria legal

                ajudar o próximo, dando algum significado útil à minha vida. Já que
                durante a semana eu ia ter que sofrer mesmo, pelo menos no final
                de  semana  eu  teria  alguma  alegria,  fazendo  algum  bem  para  as
                pessoas. Assim, decidi: vou fazer trabalho voluntário aos sábados e
                tentar  com  isso  resgatar  um  pouco  do  Rodrigo  que  um  dia  fui.

                Pesquisei, pesquisei e descobri uma ONG que atuava com doentes
                hospitalizados. Fiquei fascinado com aquele trabalho! Pessoas que
                visitam hospitais, com bom humor, levando alegria para outras em
                situação  verdadeiramente  complicada,  contribuindo  de  alguma
                forma com seu processo de cura. Assim, após meses ali na maior
                sofrência  com  aquele  trabalho,  finalmente  eu  tinha  uma  semana
                mais  leve  pois  estava  feliz  com  a  perspectiva  de  ir  no  sábado

                conhecer  ao  vivo  o  trabalho  que  me  cativou  e  fazer  com  eles  os
                acertos  necessários  para  participar  daquilo.  Na  sexta-feira,  logo
                após meu rápido almoço solitário, fiz o que fazia sempre: não tendo
                smartphone  ou  redes  sociais  na  época  para  me  entreter,  ficava
                matando o tempo encostado em uma muretinha que dividia a minha
                equipe (que ficava à minhas costas) e toda turma de funcionários do

                nosso cliente, localizados naquele andar logo à minha frente. Nestes
                minutos  até  dar  a  hora  da  volta  ao  trabalho,  ficava  ali  sozinho,
                pensando  na  vida  difícil  que  eu  levava  e  desejando  que  todos  ali
                sumissem.  Ou  explodissem.  Ia  longe  nos  meus  pensamentos
                rotineiros  de  ódio  aos  usuários  quando  encostou  do  meu  lado
                aquele cara que estranhamente gostava de mim. Puxou conversa.
                     - Opa! Tudo bem contigo?

                     Respondi botando pra fora todo meu mundo cinza interior:
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