Page 86 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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bastante porque hoje o dia promete!
                     Eu  não  podia  acreditar  naquilo  que  ele  estava  dizendo.  Como
                assim “puxar cabo”? Logo eu, o cara dos projetos, o garoto prodígio

                das certificações Microsoft do Brasil - e quiçá do mundo?! Ah! Só
                podia  ser  um  erro  do  pessoal  que  organiza  as  agendas  dos
                consultores! Pedi licença para o cara e liguei para meu chefe:
                     - Chefe, cheguei aqui no nosso cliente. Mas deve haver algum
                engano...
                     - Como assim, “um engano”?
                     - Então, o coordenador aqui tá me falando que eu vou trabalhar
                de  help  desk! Como  assim  help  desk??  Sou  muito  qualificado  pra

                essa função tão básica! Acho que me mandou aqui por engano...
                     -  Ei,  não  tem  engano  nenhum,  meu  amigo!  Você  está  sem
                projeto  no  momento,  era  o  único  profissional  disponível  e
                precisamos de você aí agora. Faça o seu trabalho e não reclame!
                     - Mas é que...

                     - Não quer fazer? Então fique à vontade para passar amanhã no
                RH e pedir sua demissão.
                     Ops! Engoli seco, agradeci e desliguei. Não podia perder aquele
                emprego.  Ganhava  bem  e,  em  casa,  vivíamos  dificuldades
                financeiras. Meus pais estavam desempregados e eu era, junto com
                meu  irmão,  responsável  por  contribuir  em  nosso  orçamento
                doméstico. Perder este emprego estava fora de cogitação! Respirei

                fundo, meti um sorriso amarelo no rosto e fiz o que me pediram pra
                fazer.
                     Realmente  foi  um  dia  duro.  Puxei  cabo,  fiz  muitas  tarefas
                “braçais” e senti vergonha toda vez que eu passava suarento pelo
                pessoal arrumadinho e cheiroso de nosso cliente, achando que me
                olhavam  como  um  coitado  (obviamente  nem  notavam  minha

                presença, mas a minha vergonha fazia eu pensar que me olhavam
                assim). Mas tudo bem: o dia estava no final e amanhã tudo voltaria
                ao normal. Eu estaria livre para voltar aos palcos onde eu deveria
                brilhar!
                     Fui  me  despedir  rapidamente  do  meu  chefe,  desejando  nunca
                mais revê-lo. Mas ele me disse:
                     - Até amanhã!

                     Epa! Buguei.
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